Política

PAN critica falta de coragem da oposição na Madeira para pensar no interesse da população

PAN critica falta de coragem da oposição na Madeira para pensar no interesse da população
HOMEM DE GOUVEIA

"Há partidos que se assumem corajosos, mas na hora da verdade eu não vejo onde está essa coragem", acusou a deputada única do PAN/Madeira após a recusa do PS, JPP e Chega em aprovar o programa do governo. Mónica Pestana salientou ainda que o PAN é um “partido de construção e de diálogo” e que 86 medidas propostas tinham sido incluídas no programa do governo madeirense

A deputada única do PAN/Madeira criticou esta quarta-feira a falta de coragem da oposição, que não colocou os interesses da população acima dos interesses partidários quando decidiu votar contra ao Programa do Governo Regional, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.

"Também é preciso ter coragem política para sermos responsáveis. É preciso coragem para sermos ponderados e é preciso ter coragem para, às vezes, mesmo contra alguma da opinião pública, pensarmos no bem geral de toda a população e não só no nosso eleitorado e não só nos nossos interesses partidários", disse a eleita do PAN, Mónica Freitas.

O presidente do executivo da Madeira anunciou esta quarta-feira ao final da tarde a decisão de retirar a proposta do Programa do Governo, admitindo que não teria condições para ser aprovada na quinta-feira.

O documento seria chumbado, uma vez que PS, JPP e Chega anunciaram o voto contra. Os três partidos somam um total de 24 deputados dos 47 que compõem o hemiciclo, o que equivale a uma maioria absoluta.

Em declarações aos jornalistas após o anúncio de Miguel Albuquerque, Mónica Freitas criticou a falta de coragem de alguns partidos.

"Há partidos que se assumem corajosos, mas na hora da verdade eu não vejo onde está essa coragem", sublinhou a deputada, lembrando que sempre manifestou disponibilidade para viabilizar um programa e orçamento da região "em prol dos madeirenses e porto-santenses".

"Há de facto de averiguar que condições tinha o PSD, ou achava que tinha, para de facto trazer à discussão, porque andamos senão aqui só a perder tempo", sublinhou. Pois, acrescentou, o parlamento esteve reunido durante dois e, pelos vistos, os sociais-democratas "sabiam à partida que [o programa] não iria passar".

"Porque é que se insistiu neste programa e não se pensou logo desde início que era preciso se sentar e dialogar", questionou Mónica Freitas, considerando que o Governo Regional não deveria ter esperado pelas vésperas da votação, "em cima da hora", para dialogar e tentar chegar a consensos.

Mónica Freitas salientou ainda que todos os partidos têm de "assumir responsabilidades" neste processo, lembrando que "o JPP recusa-se a negociar, portanto à partida já tinha bloqueado o programa".

"O PAN, como sempre, foi um partido de construção e de diálogo", contrapôs, recordando que "86 medidas" do partido foram incluídas no Programa do Governo.

Revelando que se iria abster na votação do Programa do Governo, Mónica Freitas reconheceu, contudo, que "Miguel Albuquerque é um fator que não está a garantir a estabilidade do parlamento".

"Pelos vistos é a única razão que leva o Chega andar neste jogo de cintura para trás e para a frente que não sabe se se abstém ou vota contra", acrescentou.

Ainda segundo Mónica Freitas, "agora os partidos que têm maior responsabilidade têm que se chegar efetivamente à frente" e o PSD tem de dialogar "de forma séria e responsável".

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.

Também após o sufrágio, o PS e o JPP (com um total de 20 mandatos) anunciaram um acordo para tentar retirar o PSD do poder, mas o representante da República, Ireneu Barreto, entendeu que não teria viabilidade e indigitou Miguel Albuquerque.

As eleições de maio realizaram-se oito meses após as legislativas madeirenses de 24 de setembro de 2023, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

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