O presidente do PSD aponta erros ao Governo na gestão dos meios de segurança, que levaram a uma onda de protestos, que passaram pelo adiamento de jogos de futebol, mas usa alguma cautela, avisando as forças de polícia de que não vale tudo e para que não se deixem instrumentalizar. "Espero que não haja forças políticas extremistas e populistas a estimularem este tipo de excessos. A segurança dos cidadãos é demasiado importante para que os partidos se ponham a brincar com o fogo”, frisou Luís Montenegro, numa referência indireta ao Chega.
Para o líder social-democrata, o Governo errou ao atribuir o subsídio de risco apenas à Polícia Judiciária (PJ), ignorando as restantes forças de segurança. Montenegro falou num “erro lamentável” do Executivo de António Costa, mas insistiu que num Estado de Direito “ninguém está acima de lei”, apelando ao fim deste tipo de ações de luta.
“O que se passa nas forças de segurança é muito grave e não pode ser silenciado. O Governo é o primeiro responsável, porque criou uma desigualdade no suplemento de missão entre a PJ, PSP e GNR”, começou por afirmar Luís Montenegro, numa declaração feita no Hotel Vila Galé, em Ponta Delgada. Um "erro imperdoável", sublinhou, que o Executivo não explicou, adotando uma postura de “arrogância” e “indiferença”.
Montenegro admitiu que a reação dos agentes à desigualdade é “legítima” e “justificada”, mas isso “não dá o direito aos agentes das forças de segurança de violarem a lei, de criarem indisciplina e de provocarem um sentimento insegurança na população”. “Muito menos é admissível fazer ameaças de boicote às eleições de 10 de março”, reforçou.
Lembrando que as forças de segurança têm como missão precisamente fazer cumprir a lei e garantir a segurança dos cidadãos, Montenegro advertiu que “não podem perder a razão” mesmo quando as suas reivindicações são justas. "Espero que terminem as ameaças e haja bom senso", disse ainda.
Montenegro reafirmou também que esta questão será “prioritária” para a AD, comprometendo-se a iniciar negociações com as plataformas sindicais caso seja eleito chefe do Governo nas eleições de 10 de março. Mas voltou a recusar apontar um valor para o subsídio: “Não há negociações a duas ou três semanas das eleições com objetivos concretos”, sustentou, explicando que teve oportunidade de apresentar a sua posição num encontro que teve com a plataforma sindical na quinta-feira.
Questionado sobre se confia que a situação se resolva a curto prazo, o líder social-democrata disse acreditar que “não vai ficar resolvida até às eleições”. Mas faz questão de assumir a sua posição de “responsabilidade” neste domínio enquanto principal partido da oposição: “Em primeiro lugar, não silenciamos, não somos indiferentes e não temos a responsabilidade de governar o país” nos últimos oito anos.
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