Política

Paulo Raimundo: “Maior sondagem é a da rua” e voto na CDU serve para dar “um safanão nisto tudo”

Paulo Raimundo: “Maior sondagem é a da rua” e voto na CDU serve para dar “um safanão nisto tudo”
Inácio Rosa

Em resposta às últimas sondagens, o secretário-geral do PCP mantém o discurso do partido e desvaloriza a subida. Quanto a acordos eleitorais, Paulo Raimundo defende que mais importante do que “arranjos” é existirem condições para “aumentar salários” ou dar melhores condições na saúde

Até aqui, as sondagens têm colocado o PCP entre os 2% e os 4% nas intenções de voto. Os comunistas chegaram a cair nas intenções de voto ficando atrás do PAN, agora o barómetro da Intercampus para o “Jornal de Negócios” e “Correio da Manhã”, divulgado esta terça-feira, diz que há uma subida da intenção de voto na CDU para os 3,9%. Paulo Raimundo mantêm-se imune a flutuações, mesmo as mais favoráveis. “As sondagens valem o que valem, lembramo-nos bem de 2022 quando as sondagens davam a vitória ao PSD. A maior sondagem é esta da rua, é nessa que estamos empenhados todos os dias”, respondeu aos jornalistas à margem de um pequeno comício em Faro.

Esta sondagem mostrou ainda que os partidos de esquerda estão a apenas a uma distância de 1,5 pontos percentuais da maioria de direita, com o apoio do Chega – ou seja, os partidos de direita, com o partido de André Ventura representam 42,8% das intenções de voto, e os partidos de esquerda ficam nos 41,2%. Isto significa que uma maioria parlamentar de esquerda necessitaria do entendimento entre todos os partidos, incluindo o PCP que tem estado mais reticente quanto a uma nova ‘geringonça’. A isso, Paulo Raimundo manteve o tom vago. “Se há coisa que as pessoas sabem é que a CDU nunca vai faltar para tudo o que seja positivo e para combater tudo o que seja negativo venha lá de onde vier”, disse.

Questionado diretamente se dará a mão ao PS no caso de os comunistas serem fundamentais para uma maioria de esquerda, o secretário-geral pareceu dar um passo em frente. “Não há possibilidade de haver Governo ou política de esquerda em Portugal sem a participação do PCP”. Contudo, recuou logo de seguida. “A questão fundamental não são arranjos após 10 de março, mas se há condições para aumentar salários, melhorar a saúde, a habitação ou as pensões. Tudo o que seja fora disto é para nos entretermos com arranjos que não interessam às pessoas”.

Até aqui, só o Bloco de Esquerda e o Livre demonstraram publicamente vontade de fazer um acordo com o PS que permita uma maioria parlamentar de esquerda depois das eleições legislativas, pondo na praça pública os temas que seriam a base desse entendimento. Os socialistas têm-se mantido em silêncio, para manter a pressão do voto útil à esquerda, e o PCP também ainda não clarificou a sua posição.

Ainda nos valores do barómetro divulgado esta terça-feira, outra das novidades é a aproximação do Chega, com 16,6%, à AD, com 20,8%. Com o partido de direita radical a conseguir atrair o voto de protesto, o PCP insiste em tentar recuperar este eleitorado. “O voto no PCP é sempre um voto de proposto, que se alia às soluções”, atirou. E acrescentou: “Quem quer dar um safanão nisto tudo, a única solução que tem é votar na CDU. Esse sim é o verdadeiro safanão”, insistiu.

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