À terceira é de vez, resumiu Luís Marques Mendes sobre o congresso da AD que se realizou este domingo, no Estoril. Depois de dois lançamentos pouco mobilizadores da coligação que une PSD, CDS e PPM, esta terceira sessão mostrou “iniciativa política”. Entre os principais destaques, esteve o discurso de Luís Montenegro, um “bom discurso”, “diferente do habitual" e "marcante para o futuro". Em primeiro lugar, porque foi “pela positiva”, depois porque marcou diferenças em relação ao líder do PS em áreas como os impostos e a saúde, por ter apresentado "propostas quantificadas e calendarizadas" – como exemplo usou a proposta de acabar com listas de espera na saúde com recurso ao setor privado e social – e ainda por ter tentado fazer as pazes com os reformados.
Das várias intervenções dos sociais-democratas no congresso, Marques Mendes elogiou Nuno Melo. “Um bom discurso, sobretudo no combate político ao Chega. Já se percebeu a divisão de tarefas: Nuno Melo faz o discurso de combate e Montenegro fica com possibilidade de fazer um discurso mais pela positiva”, disse. Sobre o deslize do líder do CDS na entrevista à CNN onde disse que a AD viabilizaria um governo socialista, Marques Mendes considerou uma “infelicidade”, mas desvalorizou as declarações. Também a ausência do líder do PPM na convenção foi desvalorizado pelo comentador social-democrata. Questionado por Clara de Sousa, Marques Mendes disse desconhecer a razão da ausência e garantiu não ter “significado político”.
Houve ainda nota positiva para os discursos de Paulo Portas, Cecília Meireles, Carlos Moedas e Leonor Beleza. A “surpresa” foi a presença de Pedro Santana Lopes que é “positivo” para a coligação.
Em resumo, esta convenção “recuperou a iniciativa” que a AD estava a perder. Não só pela apresentação das bases do programa eleitoral, como pelas reuniões nas últimas semanas com economistas e personalidades.
Ministras e ex-ministras nas listas do PS, “nuvem negra” da TAP e segundo excedente orçamental
Virando-se para o PS, Marques Mendes antecipou três dos cabeça-de-listas socialistas às legislativas: Mariana Vieira da Silva por Lisboa, Ana Catarina Mendes por Setúbal e Alexandra Leitão por Santarém. “Três pessoas com qualidade política”, disse.
Já quanto à nova liderança do partido, o comentador da SIC lembrou as questões sobre a TAP que representam uma "nuvem negra" sobre Pedro Nuno Santos. Contudo, o comentador da SIC tem dúvidas que a polémica seja suficiente para lhe retirar votos a 10 de março. "Já perdeu com a TAP o que tinha a perder”. Nas "ideias", o social-democrata elogiou a posição de Pedro Nuno Santos quanto à economia que, ao contrário de António Costa, defende que "é preciso crescer". Por outro lado, criticou o facto do líder socialista não colocar como prioridade as questões ficais. Não só pelas dificuldades em "crescer e atrair investimento" com os atuais níveis de impostos, como ainda por colocar a questão como uma falsa clivagem entre direita e esquerda. "O IRC também já foi prioridade do PS", lembrou.
A poucos dias de terminar o prazo para a entrega das listas às legislativas - termina dia 29 -, Marques Mendes deixou ainda um elogio aos nomes que tem visto serem apresentados pelos partidos. Segundo a visão do conselheiro de Estado, houve um "esforço para melhorar a qualidade" das bancadas parlamentares e ainda uma "forte vontade" de recorrer a independentes, nomeadamente no PSD. Já no PS, considerou que o regresso de Francisco Assis ao parlamento é “positivo”.
Numa nota negativa, o social-democrata criticou a Iniciativa Liberal por ter “afastado” Carla Castro que saiu do partido após ter sido colocada num lugar não elegível nas listas às legislativas. “Mostrou ser uma deputada competente dentro e fora da AR, a saída é um erro", defendeu.
Já a saída de Duarte Cordeiro - que anunciou que não seria candidato a deputado por causa do processo Influencer - foi classificada como um "bom exemplo". “Desta maneira, a democracia respira melhor”.
Por fim, Marques Mendes apurou que o excedente orçamental para 2023 ficará próximo do 1%, ou seja, acima da meta do Governo que estava nos 0,8%. O comentador da SIC concordou com a ideia de Fernando Medina quanto a um fundo para estes valores (que ficou conhecido como Fundo Medina). Uma das razões é o futuro de Portugal na União Europeia após o alargamento à Ucrânia que poderá significar uma perda dos fundos comunitários. “Portugal tem de se ir preparando”, defendeu.
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