Política

Agressão a jornalista do Expresso: Chega responsabiliza Universidade Católica e omite informação

Católica-Lisbon
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D.R.

O partido de André Ventura enviou um comunicado às redações a lamentar as agressões ao jornalista do Expresso, na Universidade Católica de Lisboa. O Chega responsabiliza a universidade pela organização, mas omite que foi o partido a comunicar o evento, dizendo apenas que a universidade não permitia “câmaras dentro do auditório”, não jornalistas

O partido de André Ventura enviou esta manhã um comunicado às redações sobre as agressões que um jornalista do Expresso sofreu na terça-feira, quando estava presente num evento na Universidade Católica de Lisboa, onde o líder do Chega discursava. O partido “repudia” e “lamenta” o sucedido, não faz qualquer referência à intervenção de um segurança pessoal de Ventura no sucedido e passa a responsabilidade para a Universidade, ao escrever que recusa ter “qualquer responsabilidade na organização do evento, bem como da definição das normas de acesso".

O comunicado do Chega diz que o partido apenas referiu que Ventura falaria à margem. Contudo, na mensagem que a assessoria de imprensa do partido enviou no dia anterior para todos os órgãos de comunicação social, informava os jornalistas sobre as normas de acesso ao evento, dizendo que não podiam entrar “câmaras ” no auditório, sem qualquer referência à interdição da presença de jornalistas.

“Aquilo que foi comunicado aos jornalistas por parte da assessoria do Chega foi que o presidente do partido falaria à comunicação social no início do evento”, escreve o partido em comunicado. Mas não foi apenas isso. Além dessa informação, a mensagem enviada a todos os jornalistas dizia ainda que “segundo indicações da universidade não são permitidas câmaras dentro do auditório", sem que fosse feita qualquer referência à proibição da presença de jornalistas ou que se trataria de um evento à porta fechada. O jornalista do Expresso não tinha qualquer câmara consigo.

O comunicado do partido aparece na sequência de outro da Universidade Católica em que a universidade, além de lamentar o sucedido, “repudia igualmente a manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado”. Ou seja, o Chega divulgou junto dos jornalistas as normas de acesso ao evento que a Universidade considera terem sido manipuladas. Foi com base na informação de agenda do CH que o Expresso decidiu ter um jornalista presente, para que este pudesse ouvir o discurso que Ventura faria aos jovens estudantes.

O jornalista do Expresso, aliás, esteve presente nos dois momentos: nas declarações de Ventura à imprensa e no evento no auditório da universidade. Para tal, o jornalista do Expresso identificou-se como jornalista à entrada do auditório junto de duas estudantes que permitiram a sua entrada.

No comunicado do partido de André Ventura, o Chega diz “repudiar” qualquer “tentativa de condicionamento ou limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas”. E desresponsabiliza-se pelo ocorrido dizendo que após o início da palestra, “o controlo do evento ficou completamente nas mãos dos anfitriões, sendo os mesmos responsáveis pela acreditação dos presentes e pela definição das regras de quem podia e não podia assistir ao evento”.

Essas regras, que os estudantes dizem ter existido em eventos anteriores, não foram previamente comunicadas ao Expresso, que apenas detinha a informação de agenda do enviada pelo Chega.

O partido recusa ainda “qualquer responsabilidade quer na entrada do jornalista no evento, quer na sua expulsão, até porque, como convidado, não é da sua competência definir quem pode estar ou não presente”, continua o Chega em comunicado, omitindo a intervenção de Luc Mobito, segurança pessoal de André Ventura.

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