Com eleições à porta, o PCP juntou-se para alinhar uma estratégia que permita evitar novos maus resultados eleitorais. Por um lado, os comunistas trabalharam o apelo ao voto tanto dos militantes como de quem está fora do partido. Por outro, reforçaram as críticas à “política de direita” do PS, numa tentativa de esvaziar o apelo ao voto útil dos socialistas. Durante todo o sábado, o Fórum Lisboa serviu de palco a intervenções dos cabeça de lista às legislativas, mas também de nomes fortes como João Ferreira, João Oliveira ou Jerónimo de Sousa. Para fechar a sessão, Paulo Raimundo reforçou a mensagem dos colegas: é preciso chegar a “todos”, incluindo os “descontentes e indignados” e os que “na esperança de soluções para a sua vida foram levados a votar no PS”.
Sem falar de cenários pós-eleitorais, o secretário-geral do PCP deixou críticas à maioria absoluta socialista e pareceu afastar-se de um novo entendimento - à semelhança das indicações de Jerónimo de Sousa. “Não contem com o PCP para alimentar ilusões”, disse.
Os ataques ao partido de Pedro Nuno Santos estenderam-se às novas medidas anunciadas no Congresso do PS como o aumento do salário mínimo para mil euros até 2028. “É agora que é preciso responder à urgência dos salários [e não em 2028]”, atirou Paulo Raimundo. Para contrapor, o líder comunista foi mais longe e deixou a promessa eleitoral de que “nenhum trabalhador em Portugal ganhe menos de mil euros já em maio”, dois meses depois das eleições.
Além disso, voltou a insistir em propostas que têm sido sucessivamente chumbadas [pela maioria socialista] na Assembleia da República. Desde o “aumento dos salários em 15% com um mínimo de 150 euros”, ao “aumento de 7,5%, com efeitos retroactivos a Janeiro” ou o aumento da “pensão mínima de quem se reforma com 40 anos de descontos” dos actuais 462 para 555 euros. Paulo Raimundo voltou a defender ainda a contabilização total do tempo de serviço dos professores “de uma vez por todas” e políticas de habitação como o travão às rendas ou o investimento no parque público.
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