O plano era fazer uma pequena arruada no centro de Moscavide, no município de Loures, mas a chuva incessante desta quarta-feira obrigou a uma mudança de última hora. O palco de Paulo Raimundo passou a ser o abrigado mercado de Moscavide onde conversou com os poucos comerciantes e ainda menos consumidores. Mais do que a meteorologia, o problema está na falta de “dinheiro no bolso” das pessoas que reduz as compras aos “bens essenciais”, explicou a dona de uma das bancas de fruta e legumes. A queixa encaixou como uma luva nas palavras preparadas pelo secretário-geral do PCP que pretendia falar sobre os “novos apertos” que chegaram com o novo ano.
“Iniciámos o ano com um novo aperto sobre as rendas, sobre os preços das telecomunicações, das portagens, dos bens alimentos. Isto significa a degradação da vida de cada um”, disse.
Os testemunhos de quem ali trabalha – muito que se queixaram também da falta de estacionamento gratuito ou da falta de renovações no espaço – serviram também para Paulo Raimundo criticar os “dois mundos diferentes” em que se vive. “Há o mundo apresentado pelos governantes onde está tudo a correr bem e depois a vida concreta das pessoas que não tem nada a ver com essa realidade”, disse aos jornalistas. Para que esse fosso diminua, a solução dada pelo líder comunista é a esperada: mais votos no PCP no dia 10 de março. “Quando o PCP e a CDU avançam, a vida das pessoas anda para a frente”, repetiu.
Para já, a atenção está virada para a interpelação ao Governo sobre o aumento do custo de vista, discutida esta quinta-feira, dia 4, na Assembleia da República. Aí, os comunistas vão voltar a insistir em “medidas concretas” que “façam que com que as despesas das pessoas diminuam”. Além do aumento de salários e pensões, as propostas do PCP incluem também um travão ao aumento das rendas, a fixação e controlo dos preços de bens alimentares, a diminuição do IVA das telecomunicações, gás e eletricidade. “Medidas fundamentais que se colocam já no final do ano passado e que voltam a colocar-se no início deste ano”, explicou Paulo Raimundo.
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