Apostado em mostrar que foi o Presidente da República que quis convocar eleições, António Costa anda a mostrar obra até a lei não o permitir mais. Marcelo Rebelo de Sousa só vai assinar o despacho que dissolução da Assembleia da República e de convocação de eleições no dia 15 de janeiro, pelo que o primeiro-ministro já disse ao que vinha: só a partir daí começa, legalmente, o seu dever de “recato”, porque só a partir daí se inicia o período de pré-campanha eleitoral. Até lá, o primeiro-ministro vai aproveitar todos os dias para deixar entranhada uma ideia que será útil ao PS em período eleitoral: apesar de a crise política se ter precipitado com a demissão “pessoal” do primeiro-ministro, foi o Presidente da República que decidiu convocar umas eleições que ninguém queria, e, por isso, o Governo vai continuar a mostrar o que fez e, mais do que fez, o que deixou preparado para ser feito.
“Esta descentralização não estaria completa se não tivéssemos avançado um escalão constitucional: fomos até onde podíamos ir no atual quadro constitucional e político, se agora o passo final [da regionalização efetiva] vai ou não ser dado, o futuro dirá, mas fica tudo preparado para que os portugueses decidam o seu futuro”, disse esta quarta-feira o primeiro-ministro numa cerimónia de lançamento do programa de construção, recuperação e reabilitação de estabelecimentos escolares, financiado pelo PRR em 450 milhões de euros. Para Costa, o atual Governo deu “um passo de gigante” no sentido da regionalização da administração descentralizada do Estado - e só não fez mais porque a legislatura foi interrompida a meio.
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