Política

Em gestão, Costa continua na estrada: Governo só fica obrigado a "recato" a partir de dia 15

Em gestão, Costa continua na estrada: Governo só fica obrigado a "recato" a partir de dia 15
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O Governo está em gestão, mas António Costa vai repetindo que “não há razão para o país parar”. Nem o Governo. Antes pelo contrário. Esta terça-feira. Costa visitou obras do metro de Lisboa, na Estrela, e na quarta-feira vai estar na Amadora. Recato só a partir do dia 15 de janeiro, quando o Parlamento for dissolvido

O primeiro-ministro anda na estrada e assim vai continuar até dia 15 de janeiro. Na visita às obras da nova estação do metro de Lisboa, na Estrela, António Costa afirmou que um Governo em gestão não significa um país parado, e que o seu executivo, apesar de estar em gestão, só fica obrigado a recato a partir de dia 15 com a dissolução da Assembleia da República.

António Costa falava aos jornalistas no final de uma visita que efetuou à futura estação da Estrela, que fará parte da nova linha circular do Metropolitano de Lisboa, já depois de se ter recusado a comentar o teor da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. “Quanto ao discurso do senhor Presidente da República, digo que a minha função não é ser comentador. Em oito anos nunca fiz comentários aos discursos do Presidente da República e não é agora seguramente que vou começar”, respondeu.

Perante a insistência dos jornalistas, António Costa voltou a invocar a tese de que “a função do primeiro-ministro não é ser comentador”. “A função do primeiro-ministro é governar, trabalhar, fazer coisas, concretizar coisas. Outros têm a função de comentar, mas eu não faço concorrência a quem deve comentar”, reagiu, antes de ser questionado se a sua visita às obras do Metropolitano de Lisboa não pode ser encarada como pré-campanha eleitoral, num momento em que o seu Governo já se encontra em gestão.

De acordo com António Costa, “um Governo em gestão deve gerir, o que significa não ficar parado”. “Mas, acima de tudo, o facto de o Governo estar em gestão não significa que o país esteja em gestão. O país está em atividade, quem trabalha nesta obra está a trabalhar, o metro continua a circular e assim tem de continuar a ser. O país não pode parar porque há um Governo em gestão, o país não pode parar porque há uma dissolução [em perspetiva] da Assembleia [da República] e o país não pode parar porque vai haver eleições”, sustentou.

O primeiro-ministro observou então que, a partir do momento em que o Presidente da República assinar o decreto de dissolução do Parlamento, o que vai acontecer no dia 15 de janeiro, o Governo “fica obrigado a um dever de recato próprio do período pré-eleitoral”. “Estamos ainda longe desse momento e é sobretudo importante que o país tenha a noção de que não há nenhuma razão para parar. Pelo contrário, tudo nos convida a que aceleremos a ação, porque este ano de 2024 vai ser particularmente exigente”, alegou ainda.

Neste contexto, o líder do executivo argumentou que, na sequência das eleições legislativas de 10 de março, “haverá seguramente mudança de Governo, qualquer que seja o resultado eleitoral”. “E a conjuntura internacional em 2024 é muito desafiante. Portanto, não podemos perder o que conseguimos alcançar até agora. No meio da pandemia [da covid-19], no meio de guerras, conseguimos manter níveis de emprego e de crescimento recorde”, disse.

Ainda nesta lógica de resposta, o primeiro-ministro assinalou que, “apesar da criação muito forte de emprego, conseguiu-se que houvesse uma subida constante dos rendimentos acima da inflação e conseguimos uma redução significativa da inflação”. A seguir, deixou novo recado: “Não podemos estragar aquilo que de bom temos e é necessário continuar sem estragar”, acentuou.

Já sobre as eleições legislativas de 10 de março, António Costa fez uma distinção entre as suas funções atuais de primeiro-ministro e o seu papel enquanto ex-secretário-geral do PS, mas também não deixou de fazer uma referência direta à decisão de Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o parlamento na sequência da sua demissão no passado dia 7 de novembro.

“A democracia fortalece-se sempre quando os cidadãos participam. É muito importante que, havendo um ato eleitoral, que foi decidido e convocado pelo Presidente da República, todos participem. É fundamental que não se deixe para os outros a escolha que a cada um de nos cabe fazer. Como primeiro-ministro não me cabe dizer mais, mas em outras circunstâncias, em outras funções, poderei dizer algo mais sobre o que fazer com o voto”, acrescentou.

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