PS. “Quem decidirá sobre o governo que se vai ter é o povo português”
“Infelizmente, no plano nacional, a decisão de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas, pelo Presidente da República, reforçou o clima de incerteza e prejudicou a confiança num percurso de expectativas económicas seguras que estavam a ser alcançados”, afirmou Carlos César, numa declaração aos jornalistas na sede do PS/Açores, em Ponta Delgada.
De acordo com o presidente socialista, a resposta de um PS “rejuvenescido é oferecer a segurança, tranquilidade e a estabilidade necessárias”.
Carlos César pediu aos portugueses que “emprestem a confiança para, com Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro de Portugal, consolidar-se os sucessos alcançados, corrigir os erros cometidos e avançar-se mais depressa e com mais firmeza seja na saúde, na educação, na habitação e noutros setores”. Salvaguardou ainda que “quem decidirá sobre o governo que se vai ter é o povo português” e “ao Presidente da República e aos líderes e partidos políticos competirá apenas o respeito pela decisão eleitoral dos portugueses para uma participação ativa nas eleições regionais dos Açores, nas legislativas nacionais e nas europeias”.
“Só uma grande votação no PS garante a retoma da estabilidade política”, de acordo com o socialista. César disse que o partido partilha as preocupações expressas na mensagem de ano novo do Presidente da República, que decorrem de “novas incertezas” no mundo. Recordou as dificuldades impostas pela covid-19 nos últimos anos, a par da “alta de preços que a todos prejudicou”, mas “são muitas outras as preocupações” que motivam o PS, como as questões que “afetam os quotidianos, como a intolerância, o radicalismo, a tendência para a supressão dos eleitos democráticos em vários países”.
Acrescem os “apelos ao enfraquecimento das instituições e da intervenção reguladora dos governos, o terrorismo ou as ameaças decorrentes das ambições expansionistas, como se vê no plano militar no leste europeu”, referiu.
Carlos César garantiu que “o PS, sob a liderança de Pedro Nuno Santos, quer ser parte na superação desses riscos e dessas ameaças”.
PSD. Uma mensagem que “contrasta com o tom do discurso do Governo”
O PSD destacou o realismo da mensagem de Ano Novo do Presidente da República e garantiu que está a "construir uma alternativa" para dar resposta aos desafios de 2024.
Reagindo à mensagem na sede nacional do partido, em Lisboa, Margarida Balseiro Lopes, a vice-presidente social-democrata, considerou que o realismo de Marcelo Rebelo de Sousa "contrasta com o tom do discurso do Governo".
Quando Marcelo Rebelo de Sousa “diz que são os mais pobres aqueles que mais sofrem, é a realidade”, disse. “Gostaríamos muito que houvesse, independentemente das divergências com o Governo, este realismo nas análises e nos discursos que o Governo vai fazendo”, acrescentou.
Questionada sobre se o PSD está preparado para responder aos "mais e mais difíceis" desafios que Marcelo Rebelo de Sousa antecipa para 2024, a vice-presidente garantiu que o partido está "concentrado em apresentar uma alternativa às pessoas", que responda aos "problemas no acesso à saúde, à educação e à habitação".
O chefe de Estado emitiu uma "mensagem de exigência" mas também "de esperança" e o PSD está “a construir uma alternativa” para que os “enormes” desafios identificados por Marcelo Rebelo de Sousa “sejam superados”.
CHEGA. “Se nada muda" é porque os portugueses "não querem”
André Ventura, considerou como “clara” e “coerente” a mensagem de Ano Novo do Presidente, dado o contexto pré-eleitoral. Para o líder do Chega, Marcelo Rebelo de Sousa deixou também "um apelo muito forte" ao dizer que "se nada muda" é porque os portugueses "não querem, não saem de casa para votar".
"Esta mensagem pode parecer simplista, mas não é. Num país que tem altos níveis de abstenção, em que muitas vezes os portugueses se esquecem ou não querem participar no ato democrático, Marcelo lembrou que o país é o que nós quisermos", apontou.
Apesar de Marcelo ter colocado nas mãos dos portugueses a responsabilidade pelo futuro do país, o Presidente, continuou Ventura, quis também alertar para o facto de existirem assuntos que, se não forem tratados, prejudicarão "a qualidade da democracia", dando como exemplo o combate à corrupção, a saúde e o desenvolvimento económico.
"Nos 50 anos do 25 de Abril, é uma mensagem que é importante sublinhar. O país será o que nós quisermos, mas há vários temas que têm de ser lidados de forma clara pelos políticos ou Portugal inteiro ficará a perder", disse.
IL. “Fazer mais”, o ponto essencial
A Iniciativa Liberal (IL) defendeu que o Executivo que sair das eleições de março terá que "fazer mais". Aos jornalistas, no Porto, Rui Rocha afirmou que o "ponto fundamental" da mensagem de Ano Novo do Presidente da República é que "é preciso fazer mais" em 2024.
"Se queremos fazer mais, é evidente que não podem ser os mesmos que estiveram até agora a fazer, porque não tem sido suficiente", declarou, acrescentando que "só vale a pena mudar de Governo para mudar o país, porque se for para ser igual, vai ser mais do mesmo e isso já não é suficiente para Portugal e para os portugueses".
O presidente da IL manifestou "esperança e confiança para os jovens, que têm tido uma vida difícil com salários baixos e uma crise na habitação". "É possível fazer mais, podemos começar a resolver a crise da habitação com mais oferta, mais construção, baixando os impostos, simplificando procedimentos.”
Rui Rocha destacou também os problemas no "acesso à Saúde que tem afligido os portugueses", defendendo que é preciso "permitir que o utente escolha o cuidado que quer sem pagar mais por isso, seja no privado, social ou no Estado".
PCP. “A constatação dos problemas que o país atravessa”
João Oliveira considerou que a mensagem de Ano Novo do Presidente constata os “problemas que o país atravessa”, afirmando que é preciso mudar de políticas. “O senhor Presidente da República entendeu dar destaque à identificação desse elenco de problemas que afetam a vida dos portugueses”, realçou o dirigente comunista e ex-líder parlamentar do PCP.
De acordo com o também cabeça de lista do partido às eleições para o Parlamento Europeu de junho de 2024, faltou acrescentar que “é preciso mudar de políticas que garantem o cumprimento da Constituição”.
Para João Oliveira, é preciso consagrar o aumento dos salários e das pensões, o acesso aos cuidados de saúde e o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o acesso à habitação e a valorização da escola pública. “É essa a política alternativa que o país precisa, que encontra na Constituição uma referência para a sua concretização (…). Estar na mão dos portugueses para criarem as condições para que ela seja concretizada, mas ter também uma responsabilidade grande da parte do Presidente da República, que jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição”, sublinhou, apontando ainda as eleições legislativas de 10 março como “um momento de clarificação e oportunidade” para os portugueses. “As eleições não mudam tudo, mas podem criar condições para que as coisas mudem.”
BLOCO. Legislativas devem ser “uma grande viragem na política portuguesa”
O Bloco de Esquerda acompanhou a mensagem de Ano Novo do Presidente da República, sobretudo no apelo ao voto e participação nas próximas eleições legislativas, em que o partido espera “uma grande viragem na política portuguesa”.
“Acompanhamos a mensagem do Presidente da República, o apelo ao voto, o apelo à responsabilidade e sobretudo a necessidade de uma grande viragem na política portuguesa. Esperemos que 10 de março seja exatamente essa etapa”, disse o dirigente bloquista Luís Fazenda numa conferência de imprensa em reação à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre os alertas presidenciais para o crescimento económico “sem justiça social”, ou seja, sem redução da pobreza, Luís Fazenda disse que essa é “a análise da política portuguesa” que o BE faz “desde há anos”. “As contas certas não podem ser um fetiche, ser endeusadas ao extremo de impedir o investimento público e impedir a capacidade de regeneração, de organização e de funcionamento de serviços públicos essenciais na democracia, como a saúde, como a educação, vários segmentos da solidariedade social, como uma política pública de habitação.”
O Bloco considerou que estas “são traves mestras do regime democrático tal como o conhecemos”, que “não podem ser subestimadas, desprezadas, não podem ser mesmo negligenciadas como vieram a ser por parte do Governo”.
LIVRE. “É sempre um bocadinho muito igual. Um discurso feito de esperança e expectativa”
O porta-voz do Livre considerou a mensagem de Ano Novo “muito igual” à de outros líderes políticos na quadra natalícia, alertando que 2023 deixa Portugal “perante uma situação de uma grande indecisão”.
“Creio que o senhor Presidente da República terá dito algumas dezenas de vezes ‘ficou claro’. Quando um político sente muita necessidade de dizer 'ficou claro' é porque estamos a atravessar um dos momentos de maior incerteza em que nada ao contrário do que foi dito ficou claro. O ano de 2023 deixa-nos perante uma situação de uma grande indecisão”, disse Rui Tavares, acrescentando que é preciso que as forças partidárias tenham uma palavra, aludindo às eleições legislativas de 10 de março.
Para Rui Tavares, o discurso do chefe de Estado “foi muito igual ao discurso dos outros líderes políticos que falaram durante esta quadra natalícia e das festas”. “Um discurso feito de esperança e de uma expectativa em que se retira a capacidade de ação às pessoas. Nós não estamos aqui só para esperar, nós estamos aqui para fazer. E neste ano as pessoas têm oportunidade de dar resposta. Eu estou cansado de ver as pessoas de braços caídos como se, com eleições à frente, não tivessem capacidade de dar uma orientação ao que o país deve ser no futuro.”
PAN. “Muitas questões que continuam a ficar de fora”
Em declarações aos jornalistas, Inês Sousa Real sublinhou nas palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a preocupação com a pobreza e com os mais jovens, assim como a necessidade de um desenvolvimento económico que permita dar resposta aos problemas do país, mas destacou as “muitas questões que continuam a ficar de fora”.
“Para o PAN é preciso que no próximo dia 10 de março se garanta não só a força, no caso um grupo parlamentar, para podermos retomar as causas e colocar as causas no centro político da nossa atividade, para que Portugal possa ter um maior combate à violência doméstica, que não desapareceu como pano de fundo e não esteve presente nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa”, criticou a líder e deputada única do PAN.
A habitação e a “crise habitacional”, com mais de 10 mil pessoas em situação de sem-abrigo, é outras das omissões na mensagem do chefe de Estado apontada por Sousa Real que defendeu que a erradicação da pobreza tem de ser “um desiderato” do país, assim como o acesso à habitação. “Numa altura em que estamos tão perto dos 50 anos do 25 de Abril, o chamado 1.º direito não pode ser um direito que fica reiteradamente para trás.”
Inês Sousa Real lamentou ainda que o combate às alterações climáticas tenha ficado fora “da retórica” do Presidente da República. “É de facto lamentável que não haja aqui um maior compromisso político”, disse.