Exclusivo

Política

Paulo Raimundo procura voto entre as pessoas “desiludidas, indignadas e descrentes”

Paulo Raimundo procura voto entre as pessoas “desiludidas, indignadas e descrentes”
TIAGO MIRANDA

Na mensagem de Ano Novo, o secretário-geral do PCP voltou a virar o discurso para os descontentes – que podem fazer parte da grande fatia de indecisos que surgem nas sondagens. Paulo Raimundo colocou o seu partido, de “gente séria e honesta”, como o único capaz de mudar a “dura realidade” das “injustiças e desigualdades”

As dificuldades do PCP em conseguir votos fora do seu eleitorado base não são novas. Agora, com a fragmentação partidária a espalhar votos e com a franja de indecisos a crescer nas sondagens, é ainda mais importante aos comunistas conseguirem conquistar eleitores fora do partido – especialmente numa altura em que um bom resultado eleitoral pode aumentar a margem negocial num cenário de governo minoritário à esquerda. Ciente de tudo isto, Paulo Raimundo usou a mensagem de Ano Novo do partido para apelar ao voto da “gente justamente desiludida, indignada e descrente”. Ou seja, a fatia cada vez maior de indecisos que poderá ter um papel fundamental no resultado das eleições de março.

“Há muita gente justamente desiludida, indignada e descrente, mas o país tem futuro. Há meios, há recursos, há forças e vontades, há gente séria e honesta capaz de colocar o país de volta no trilho de abril de esperanças e conquistas”, disse Paulo Raimundo na mensagem de Ano Novo divulgada pelo partido. Assim, o líder comunista volta a colocar a CDU (a coligação entre PCP e Os Verdes que voltam a ir juntos às eleições legislativas) como o único partido capaz de reverter a “dura realidade” das “injustiças e desigualdades”. “Contem connosco para esse caminho que é possível, necessário e urgente”, repetiu. Desta forma, além de piscar o olho aos indecisos, ainda tenta desmoronar o apelo ao voto útil que o PS deverá utilizar novamente com o argumento de conferir um Governo mais estável e capaz de durar os próximos quatro anos.

Outra das armas dos comunistas para se aproximarem das pessoas é o facto de continuarem a ganhar os salários das funções que exerciam antes de assumirem funções na Assembleia da República - Jerónimo de Sousa, por exemplo, ganhava o salário de um operário metalúrgico que não ultrapassava os 700 euros. Também Paulo Raimundo, que não aufere mais de 750 euros, fez questão de lembrar que sabe das “dificuldades que cada um enfrenta” por “experiência própria”. Numa entrevista à CNN pouco depois de ser eleito secretário-geral do partido, Raimundo já tinha explicado que esta era uma forma de manter os funcionários do partido “ligados à realidade social”. “Nós [membros do PCP] não falamos de cor dos problemas, falamos porque também o sentimos”, disse em novembro do ano passado.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mcoutinho@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate