Depois de Catarina Martins, o Bloco de Esquerda vê sair de cena outro membro histórico do partido. Pedro Filipe Soares despede-se do Parlamento ao fim de 12 anos como líder parlamentar. Não sai “chateado” com a instituição, mas sim com “orgulho” no trabalho feito ao longo de mais de uma década. Com uma vaga por preencher nas eleições europeias, o timing da saída sugeria uma troca de lugares com Marisa Matias – ex-deputada europeia pelo Bloco que agora encabeça as listas às legislativas pelo Porto. Em entrevista ao Expresso, o líder parlamentar demissionário rejeitou essa “realidade” e garantiu que irá antes regressar à sua “vida profissional” na área da matemática, juntamente com o trabalho dentro do partido. Longe de “pôr os papéis para a reforma”, Pedro Filipe Soares não recusa outros papéis dentro da política nacional, nomeadamente, a autárquica. “O Bloco tem o desafio de se afirmar mais do ponto de vista autárquico. Não fecho a porta a poder ajudar nesse caminho”, admitiu. Sem bilhete comprado para Bruxelas, o caminho parece continuar livre para o “nome forte” de Catarina Martins.
Quanto às eleições legislativas de março, Pedro Filipe Soares defende que um entendimento pós-eleitoral à esquerda dependerá da “força dos votos” que o Bloco tenha para impor as propostas-bandeira que tem defendido para a habitação, saúde e serviços públicos. Contudo, garante que não será o partido a “abrir portas a uma governação de direita”, sugerindo que o Bloco estará disposto a integrar uma nova ‘geringonça’. Se esse cenário se confirmar, o bloquista preferia manter o PAN na oposição. “O PAN já demonstrou que não tem nenhum problema em dar o poder à direita”, disse lembrando os acordos feitos no governo regional da Madeira entre o partido de Inês Sousa Real e o PSD de Miguel Albuquerque. É, por isso, um partido pouco “sério” que não partilha os ideais “à esquerda”.
Sem querer comentar a luta pela sucessão no PS que chega ao fim já este sábado, dia 16, o líder parlamentar do Bloco colocou Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro como “duas faces da mesma moeda” que se colocam como “herdeiros” de uma maioria absoluta que “atacou o direito à habitação, à saúde, à educação, à justiça”.
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