No primeiro dia útil enquanto primeiro-ministro de um governo em gestão, António Costa deu uma entrevista à CNN onde procurou empurrar responsabilidades sobre a decisão de se demitir e de levar o país de novo a votos (ora para a PGR, ora para Marcelo Rebelo de Sousa, que tomou a decisão “errada”), e onde pressionou fortemente o PSD de Luís Montenegro, atacando-o por se resumir aos “rostos do passado”, e pondo em causa a credibilidade do partido da oposição se o dossiê do novo aeroporto não for para a frente.
No seu entender, a decisão sobre a nova localização do aeroporto é “o grande teste à credibilidade do PPD/PSD”. Se o PSD não der seguimento ao processo da Comissão Técnica Independente, Costa afirma que o seu maior "arrependimento" em oito anos de governação será o de ter confiado que o PSD o faria. Ou seja, depois de ter impedido, no verão de 2022, o então ministro Pedro Nuno Santos de fazer uso da maioria absoluta para decidir ‘sozinho’ sobre um investimento estrutural daquela dimensão, Costa sugere que, se o PSD, com o qual acordou a metodologia de escolha da Comissão, roer a corda agora, então Pedro Nuno Santos é que tinha razão.
“Se o PSD não honrar o compromisso, eu diria que [o meu maior arrependimento] foi ter confiado que trabalharíamos em conjunto para ter uma decisão de consenso para uma infraestrutura fundamental para o país como é o novo aeroporto”, disse na fase final da entrevista.
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