Política

Luís Marques Mendes: “O filho do Presidente da República teve um comportamento inaceitável”

Luís Marques Mendes: “O filho do Presidente da República teve um comportamento inaceitável”

Para o comentador da SIC, o filho de Marcelo Rebelo de Sousa tentou meter uma cunha ao pai, mas o Presidente da República “não meteu qualquer cunha”. No habitual espaço de comentário semanal, Marques Mendes falou ainda do novo aeroporto e dos resultados do PISA, “a pior notícia em matéria de educação desde 2006”

Luís Marques Mendes considerou este domingo, no seu habitual espaço de comentário na SIC, que Nuno Rebelo de Sousa, filho de Marcelo Rebelo de Sousa, “teve um comportamento inaceitável”, uma vez que “tentou meter uma cunha ao pai”. “Sendo filho do Presidente da República, devia ter-se abstido de qualquer intervenção. Não podia nem devia comprometer a imagem do Presidente da República.”

Já Marcelo Rebelo de Sousa, na sua perspetiva, “não meteu qualquer cunha”, tratando o filho “como qualquer cidadão, enviando a sua documentação para o PM, como faz em todos os casos”.

“O que é uma cunha? É um pedido”, continuou. “Marcelo Rebelo de Sousa fez algum pedido ao hospital, ao primeiro-ministro, ao Ministério da Saúde? Não, foi o filho. Um pai não pode ser responsabilizado pelos comportamentos imprudentes de um filho adulto, com mais de 50 anos e vida própria. Acho que o Presidente da República não pediu nenhum tratamento de favor.”

Ainda assim, reconhece que a perceção pública desta situação “desgasta o Presidente” e “fragiliza-o” – o que considera “muito injusto” uma vez que, defende, “as suas maiores qualidades pessoais são a generosidade e a integridade”. Nas suas palavras, Marcelo “é um homem impoluto”, pelo que há “uma certa sensação de injustiça” neste caso.

“Portela não vai ser uma solução transitória”

No que diz respeito ao novo aeroporto de Lisboa, o comentador da SIC considera que o relatório da Comissão Técnica Independente é “previsível”, uma vez que “manter transitoriamente o Aeroporto da Portela não tem novidade” nem apontar Alcochete “como solução”. “Era a tendência dos estudos anteriores e da maior parte dos membros da comissão.”

Considerando que este é um relatório “cheio de mérito” (“o próximo governo não tem desculpas para não decidir”), destaca algumas fragilidades. Como sublinha Marques Mendes, o relatório não apresenta um cronograma relativamente às acessibilidades, nem detalha quanto vai custar e quem vai pagar uma nova ponte sobre o Tejo, que “este aeroporto pode vir a precisar”.

Além disso, realça, não se sabe quem vai pagar os oito mil milhões de euros de investimento estimado para o novo aeroporto. “O Estado? Os fundos europeus? As taxas aeroportuárias (e como se faz face ao contrato que existe com a ANA)?”, questiona. “Ao ouvir a presidente da CTI a falar de um aeroporto que se paga a si próprio, parecia-me estar a ouvir, relativamente à parte financeira, José Sócrates a falar dos dez estádios de futebol para o Euro 2004. Era tudo fácil e barato. E, no final, foi o que se viu.”

Para Marques Mendes, o aeroporto da Portela não vai ser uma solução transitória. “Vamos ter um aeroporto novo, complementar da Portela, sem dúvida. Mas a Portela vai manter-se durante décadas e décadas”, considera. “A Portela é uma mais-valia para Lisboa e nenhum governo no futuro vai ter coragem de acabar com esse aeroporto. A solução dual não vai ser temporária. Vai ser definitiva.”

O futuro dos jovens, do país e da economia

Sobre o desempenho dos alunos portugueses de 15 anos no PISA 2022, que registaram “quedas brutais” a Matemática, Leitura e Ciências, Marques Mendes considera que este “é um assunto sério, que deve ser a grande prioridade da agenda política nacional”, já que está relacionado com “o futuro dos jovens e, a partir dele, o futuro do país e da nossa economia”. “É a pior notícia em matéria de educação desde 2006”, sublinha.

Para o comentador da SIC, “a pandemia é a grande causa deste insucesso”. Mas não esquece outros motivos que fazem com que Portugal tenha caído mais do que a generalidade dos países da OCDE.

Para o comentador, “a queda dos indicadores de Portugal já vem de trás”: já se notava no PISA 2018, no TIMSS 2019 e no PIRLS 2021. Também o facilitismo na educação, com a abolição de alguns exames, agrava a situação. E a juntar a isto “a falta de professores, as qualificações inadequadas de alguns professores e a falta de apoio extra a alguns alunos” revelam “a degradação da escola”.

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