A demissão do primeiro-ministro obrigou a uma reconfiguração do PS, mas também a uma aceleração dos partidos. Mariana Mortágua, eleita coordenadora do Bloco de Esquerda em maio de 2023, irá a votos com menos de um ano de liderança do partido. Ainda assim, a bloquista mostrou-se confiante no crescimento do partido nas eleições convocadas para março. “Tenho a certeza que o Bloco vai crescer”, disse numa curta entrevista à SIC Notícias, esta segunda-feira. Apesar das insistências, a grande questão sobre um eventual novo acordo à esquerda continuou sem resposta. A líder bloquista não quis comentar “cenários” relativos a um PS que “ainda não tem liderança” e pediu aos socialistas uma “reflexão” sobre a crise política em que mergulhou o país.
Com Pedro Nuno Santos a confirmar a candidatura a secretário-geral do PS – esta segunda-feira, numa sala lotada e com nomes socialistas de peso como Francisco Assis – e a sua conhecida posição a favor de negociações à esquerda, a possibilidade de um cenário de uma nova geringonça aumenta. Sobre isso, Mariana Mortágua manteve o silêncio. Primeiro, porque não quis “comentar” as candidaturas à liderança do PS, depois porque os socialistas ainda não fizeram uma “reflexão” sobre a crise política a que “condenaram o país”. “Irei debater com o próximo secretário-geral do PS, seja ele quem for. E [o novo líder socialista] terá de assumir as responsabilidades da maioria absoluta e responder sobre elas”.
Questionada sobre um cenário semelhante a 2015, em que só uma aliança poderá garantir uma governação estável à esquerda, a coordenadora do Bloco coloca o ónus da “estabilidade” nas “políticas” aplicadas. “Acabámos de sair de uma maioria absoluta do PS que prometeu estabilidade e falhou. A estabilidade consegue-se com políticas concretas, não existe num país onde um salário não chega para ter uma casa”. Minutos antes, já Pedro Nuno Santos também tinha empurrado qualquer “arranjo parlamentar” para depois dos resultados das eleições, garantido que o PS irá apresentar-se “sozinho”.
Voltando a olhar para dentro, a coordenadora bloquista não colocou metas nos resultados eleitorais – ao contrário do que aconteceu na Madeira onde definiu a eleição de um deputado como objetivo e atingiu-o –, apesar das últimas sondagens colocarem o partido com cerca de 8%. Este crescimento está na “coerência” do partido em propostas para temas bandeira como a habitação, a saúde ou os serviços públicos, disse. No caso de o cenário inverter, Mortágua não antevê uma nova disputa interna. “Ainda agora aqui cheguei”, atirou.
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