José Luís Carneiro começou a posicionar-se na sua candidatura à liderança do PS no polo oposto ao do seu adversário, Pedro Nuno Santos. Numa curta entrevista à TVI, quis amarrar Pedro Nuno Santos não só ao Governo de que fez parte como também ao Orçamento do Estado, que votou enquanto deputado no Parlamento.
“Pressuponho que o meu camarada Pedro Nuno Santos representará uma parte dessa herança (do Governo). Ele próprio fez parte do Governo e ele próprio aprovou o Orçamento do Estado. E, portanto, pressuponho que não tenha questões de ruptura com o que está na proposta de Orçamento do Estado”, disse.
Ora nos seus cinco comentários na SIC Notícias, Pedro Nuno Santos foi tentando afastar-se desse legado do Governo, encetando um caminho de distanciamento em relação ao Governo.
Não é só a questão da herança e da relação com o Governo que afasta os dois socialistas, um ainda ministro, o outro ex-ministro. Afasta-os também, disse José Luís Carneiro, o posicionamento em relação a dialogar com o PSD e também em relação à esquerda: “Como é que num quadro internacional tão exigente, com duas guerras, uma na Europa e outra no Médio Oriente, como é que se pode partir para uma candidatura com o pressuposto de uma aliança à esquerda?”, questionou. Isto porque, acrescentou, “é conhecida a posição dos partidos à esquerda em relação aos nossos deveres com a aliança Atlântica”.
“A minha candidatura é a que garante esse compromisso histórico do PS, nomeadamente na afirmação do prestígio da relação de Portugal com a União Europeia e com a Aliança Atlântica”, disse.
Na mesma entrevista, José Luís Carneiro defendeu que se candidata para responder à história do PS de que há uma autonomia que permite ao partido dialogar à esquerda e à direita e, como tal, admitiu: “não será por mim que o Chega chega ao poder no nosso país”. A pergunta tinha sido muito direta, sobre se admitia deixar passar um governo minoritário do PSD caso seja eleito secretário-geral do PS e, nas eleições legislativas antecipadas o PSD vencer em minoria.
José Luís Carneiro ainda hesitou em responder, regressando ao seu mantra de que o PS deve “manter sempre o diálogo com o centro esquerda”, em investimentos e outras áreas da governação, e ter “abertura para o diálogo com o centro-direita”, mas com a insistência da pergunta, acabou por deixar no ar a ideia de que aprovará um governo minoritário do PSD.
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