No dia após Marcelo Rebelo de Sousa ter convocado eleições antecipadas para março, o Bloco de Esquerda anunciou o seu calendário eleitoral. A partir da sede nacional, Mariana Mortágua anunciou que o partido irá reunir internamente dia 19 deste mês, depois novamente em dezembro e, em janeiro, irá apresentar um “programa político”. A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu que o seu partido pretende ser “alternativa” e irá bater-se pelos temas que tem vindo a defender como os “salários”, soluções para o “tormento” da habitação, para o acesso ao serviço nacional de saúde ou à escola pública. “O Bloco está preparado para ir a eleições. Só a nossa força pode parar negócios de favores, virar página da crise, recuperar confiança e impedir a direita de transformar lodo em pântano”, garantiu. Quanto a possíveis alianças políticas, a líder bloquista não levanta o véu e prefere focar-se em “soluções” em vez de “geometrias políticas”.
Sobre a investigação que derrubou António Costa, Mariana Mortágua voltou a pedir “esclarecimentos públicos” à justiça. Contudo, fez questão de lembrar que não “desvaloriza” os factos e assumiu que “há muito para apurar”. Para evitar que as suspeitas de corrupção no PS minem a confiança dos eleitores que partilham o seu espaço político, Mariana Mortágua separou as águas: “A esquerda não é isto.” “Há uma esquerda de confiança que sempre se bateu contra a corrupção e contra a promiscuidade”, disse. E lembrou que o Bloco de Esquerda denunciou as suspeitas sob os negócios do lítio e do hidrogénio – “factos consumados por protagonistas com mau currículo” –, assim como o negócio da venda das barragens à EDP, que o Estado ainda não cobrou os devidos impostos. “Nunca os deixámos em paz”, atirou.
Com as eleições legislativas a aproximarem-se – Marcelo Rebelo de Sousa comunicou que a ida às urnas será a 10 de março - e Pedro Nuno Santos a confirmar a candidatura a secretário-geral do PS, aumentam as expectativas quanto à possibilidade de uma nova geringonça. Para já, Mariana Mortágua prefere não comentar a "vida interna” do PS e concentrar “toda a energia do Bloco” na construção de propostas que resolvam “os problemas das pessoas”.
Ainda assim, questionada sobre a posição do Bloco caso seja necessária uma aliança à esquerda para segurar um Governo minoritário, a líder bloquista disse apenas que a “estabilidade” do país não está em “geometrias políticas ou partidárias”, mas em “soluções” que cada partido apresenta. “A única condição de estabilidade é a política que permite resolver a vida das pessoas”.
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