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Política

“Política. Tragédia. Comédia”: um ensaio de José Tavares sobre os nossos dias

HISTÓRIA “Execução” (1995), óleo sobre tela de Yue Minjun inspirado nos protestos e massacre da Praça Tiananmen em 1989
HISTÓRIA “Execução” (1995), óleo sobre tela de Yue Minjun inspirado nos protestos e massacre da Praça Tiananmen em 1989

Depois dos grandes progressos europeus, vemo-nos rodeados de uma tragédia desenxabida, acorrentados a uma estagnação que nos mói. As crises da dívida e da covid, oportunamente polvilhadas por sucessos futebolísticos, mais nos afundaram nesta dicotomia triste, entre a ligeireza dos eleitos e a pobreza dos outros, que a crise da habitação e da inflação elevaram a novo paroxismo

José Tavares

Comédia e tragédia, do que nos falam os gregos: a tragédia trata do destino dos heróis das suas grandes adversidades, a comédia trata de assuntos privados, menores, sem risco para a vida. Para Aristóteles, a tragédia aborda os “assuntos sérios” e a comédia “matéria trivial”. Et cetera. Mas a distância entre o poder e os pobres, os assuntos de Estado e o cuidar da família e dos amigos, o que vai dos jogos políticos à gestão da casa diminuiu radicalmente na contemporaneidade.

Tragédia e comédia buscam uma coerência interna, sob pena de a polis se cansar e os cidadãos se afastarem dos líderes políticos e outros. Por essa proximidade entre povo e poder clama a instituição a que chamamos democracia. Os leitmotiv dos poderosos e do povo anseiam por uma sincronia mínima. Pensar o desfasamento entre a tragédia e a comédia de uns e de outros é exercício proveitoso, ilumina-nos a história e avisa-nos sobre o presente.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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