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Ex-adjuntos de Pedro Nuno Santos acusam Costa de “ziguezaguear” sobre a TAP por motivos eleitorais

Ex-adjuntos de Pedro Nuno Santos acusam Costa de “ziguezaguear” sobre a TAP por motivos eleitorais

Antigo secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes e ex-assessor Frederico Pinheiro defendem o ex-ministro Pedro Nuno Santos e deixam duras críticas ao primeiro-ministro e à forma como está a gerir o processo de privatização da TAP. “Parece que o compromisso pré-eleitoral [de manter a maioria do capital da TAP] não era para levar a sério”, escrevem no livro “Patos desalinhados não voam”, que vai ser apresentado a 9 de novembro

Ex-adjuntos de Pedro Nuno Santos acusam Costa de “ziguezaguear” sobre a TAP por motivos eleitorais

Rita Dinis

Jornalista

É uma espécie de prestação de contas sobre a condução política do caso TAP, que hoje Hugo Mendes e Frederico Pinheiro admitem ser um “problema político”, por um lado, mas um “sucesso de política pública”, por outro. O paradoxo é evidente e é isso que dá título ao livro - “Patos desalinhados não voam” - que as duas peças-chave do gabinete de Pedro Nuno Santos no Ministério das Infraestruturas escreveram no rescaldo da comissão de inquérito à TAP. Ambos foram ouvidos na comissão que analisou a forma como a companhia aérea era gerida (de modo informal e com eventuais pressões do poder político), desde o resgate durante a pandemia, passando pelo processo de reestruturação negociado com Bruxelas e culminando no caso mediático da indemnização de Alexandra Reis que levou à demissão do secretário de Estado e do ministro, sem se referirem ao polémico episódio dos incidentes no Ministério das Infraestruturas que envolveu Frederico Pinheiro e membros do gabinete de João Galamba.

Fazendo a defesa em toda a linha do ex-ministro Pedro Nuno Santos, que esteve “quase sempre isolado dentro do Governo, à exceção de algumas intervenções do ministro Pedro Siza Vieira,” sobre a defesa da injeção pública no capital da TAP, os autores terminam o livro, que o Expresso teve acesso, com um posfácio onde criticam o plano de privatização da TAP que o Governo, já sem Pedro Nuno Santos, está a pôr em marcha. E sugerem mesmo que a saída do ministro (a propósito do caso da indemnização de Alexandra Reis) “ajudou a desbloquear” o processo de privatização da companhia em moldes com os quais Pedro Nuno Santos não concordava - com Costa a admitir já uma privatização total da empresa.

Admitindo que até ao fecho da redação do livro não havia nenhum diploma a concretizar a privatização da companhia aérea, os autores atentam nas mudanças de posição de António Costa sobre o tema - que já levaram o líder parlamentar do Bloco de Esquerda a apelidar, no Parlamento, de uma “grande cambalhota”. Hugo Mendes e Frederico Pinheiro chamam-lhe os “ziguezagues” do primeiro-ministro.

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