Política

Os avisos de Marcelo: há “folga no orçamento” para baixar impostos (“com bom senso”) e pacote Mais Habitação não é “caso encerrado”

Marcelo Rebelo de Sousa no arranque da Festa do Livro de Belém 2023
Marcelo Rebelo de Sousa no arranque da Festa do Livro de Belém 2023
MANUEL DE ALMEIDA

“Há um apelo social muito grande para se ir exonerando as famílias e as empresas, mas há uma conjuntura internacional que continua a ser um ponto de interrogação muito grande”, considera Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República reconheceu este domingo que há neste momento uma “folga no orçamento”, mas defendeu que a imprevisibilidade da conjuntura internacional torna difícil a redução dos impostos.

“Há, com bom senso, uma folga no orçamento”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. No entanto, descer impostos é “dificuldade”, porque há “um apelo social muito grande para se ir exonerando as famílias e as empresas, mas há uma conjuntura internacional que continua a ser um ponto de interrogação muito grande.”

O Presidente foi entrevistado no “Jornal Nacional” da TVI, a propósito da Festa do Livro - que se realizou este fim de semana no Palácio de Belém e da qual fez um balanço muito positivo.

Questionado sobre o que não pode falhar nos próximos Orçamentos de Estado, o PR afirmou que é essencial ter “flexibilidade suficiente para ocorrer a emergências”.

“A guerra ninguém sabe quando é que acaba. A crise económica internacional ninguém sabe quando é que acaba. Dentro dos limites que não sabemos bem como vão evoluir, é gerir duas linhas fundamentais. Uma é ir ajustando aquilo que é a resposta económica e social aos condicionamentos externos.”

Por outro lado, no que toca ao PRR, disse ser essencial executar "tudo até ao último cêntimo e o melhor possível, com a máxima rentabilidade social possível.” É preciso que dinheiro chegue “ao terreno” dentro dos prazos previstos, acrescentou.

“Tudo o que depender de nós tem de depender o melhor possível”, concluiu.

“E depois há aquelas necessidades que os portugueses têm. Que a educação funcione bem, que a saúde funcione melhor, que o que está pensado para a saúde passe do pensamento para a ação como está prometido a partir de janeiro do próximo ano”.

Mais Habitação não é “caso encerrado”

A estas necessidades acrescentou também a da habitação. É uma “corrida em contrarrelógio”, alertou, apontando a urgência de agilizar todo o processo que permite aplicar a lei, principalmente quando a própria construção de casas é demorada.

O pacote Mais Habitação, que Marcelo vetou com muitas críticas a 21 de agosto, deve ser confirmado sem alterações no Parlamento dentro de duas ou três semanas, admitiu o Presidente da República, que tem de o promulgar. Porém, há uma “segunda parte da história”: "Esse diploma precisa de regulamentação e tem vir às minhas mãos. Parece um caso encerrado, não é um caso encerrado”, avisou.

“É preciso regulamentar o decreto-lei, vamos imaginar que se faz rapidamente, é preciso por de pé estímulos aos privados e setor cooperativo, e depois é preciso construir uma casa. É uma corrida contra-relógio”, sublinhou.

Relativamente aos vetos que aplicou nos últimos meses, Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou, defendendo que estes são uma parte normal da vida democrática e não um sinal de tensão com o Governo. "O Presidente ou concorda com os diplomas ou não concorda."

Sobre o ano escolar prestes a arrancar, o Presidente da República manifestou-se otimista, mesmo perante potenciais greves. “Este ano vai correr melhor porque as pessoas aprendem”, disse. “As greves fazem parte da vida democrática e todos percebem em geral que a ideia é manter o diálogo em aberto.”

Questionado sobre se o Governo já devia ter sanado a questão com os professores, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que esta é “uma questão complicada”. “O que é importante é que todos percebam que têm a ganhar com um ano letivo relativamente normal. Têm a ganhar os alunos, depois as famílias e depois os professores.”

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