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Costa espera ainda mais oposição de Marcelo

Marina Gonçalves tem dedicado os últimos dias a mostrar obra na Habitação
Marina Gonçalves tem dedicado os últimos dias a mostrar obra na Habitação
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Governo gere oposição de Marcelo com pinças até ao fim da coabitação. Veto na habitação foi “cortina de fumo” para esconder promulgação envergonhada dos professores, mas deu força ao Presidente. PS admite mais medidas de apoio ao arrendamento para mostrar serviço em tempo útil

Costa espera ainda mais oposição de Marcelo

Rita Dinis

Jornalista

Costa espera ainda mais oposição de Marcelo

Eunice Lourenço

Editora de Política

Marcelo “falou com quem tinha de falar” para anunciar o veto político ao pacote legislativo da Habitação, a grande bandeira do Governo para fazer face a uma das mais graves crises da atualidade. E como foi o Parlamento que votou a versão final das propostas de lei, apenas com os votos da maioria socialista (e com a abstenção do PAN e do Livre), com quem Marcelo tinha formalmente de falar era com o presidente da Assembleia da República, a quem telefonou, e não com o primeiro-ministro, com quem, garante, não falou mesmo. Eis o novo normal da coabitação: sucessivas “divergências políticas manifestas”, iniciadas depois da não demissão de João Galamba, que, com o aproximar dos calendários eleitorais, se tornarão cada vez mais assumidas.

É pelo menos essa a convicção em São Bento. A dias de terminar agosto e recomeçar a atividade política, o Governo já antecipa um arranque de ano político e orçamental com toda a oposição — e o PR à cabeça — a puxar pela contestação dos vários sectores, dos médicos aos professores, passando pelos defensores do alojamento local, em contraste com o previsível anúncio de “boas notícias” no Orçamento do Estado. Com o primeiro-ministro de férias e votado ao silêncio sobre o mais recente embate, a ordem no núcleo duro por estes dias foi para realçar dois ou três aspetos particulares: em primeiro lugar, o Presidente da República fez questão de sublinhar que o problema do diploma não era de inconstitucionalidade; depois que, mesmo chumbando uma parte do pacote (que inclui medidas polémicas como o arrendamento coercivo e limites ao alojamento local), dava como certo que o PS o iria reconfirmar e obrigá-lo a promulgar. “No próprio veto, o PR diz que a única solução é a reconfirmação, porque não há alternativa”, interpreta um dirigente socialista de topo. Além do mais, “a maioria não pode ser estigmatizada”. Foi democraticamente eleita, não foi “imposta” por ninguém, nota outra fonte.

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