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“Não parta um joelho e cá estarei daqui a 50 anos”: Festa do Avante volta a erguer-se às mãos dos militantes

“Não parta um joelho e cá estarei daqui a 50 anos”: Festa do Avante volta a erguer-se às mãos dos militantes
José Fernandes

Do chão das várias bancadas, passando pelas coberturas ou os murais, tudo da Festa do Avante é construído pelos militantes. Com 19 ou 75 anos, muitos suportam o calor intenso para montar a “alegria” da festa. “Se perguntar por aí, não há gajo que prefira estar na praia”, garantiu um dos militantes da Juventude Comunista Portuguesa

Numa sexta-feira de agosto, o movimento na Amora, no concelho do Seixal, era fraco. A maioria dos moradores aproveitou os dias de calor para rumar ao Algarve ou a outros destinos de férias. Numa zona mais industrial, quase a chegar ao estuário do Tejo, o ritmo era outro. Ouviam-se máquinas a funcionar, motores de carrinhas e vozes de pessoas. “Vai-me buscar umas luvas que estes tubos estão a queimar”, diz uma jovem para o grupo que abdicou das férias da universidade para ajudar na construção da Festa do Avante. Agora, são pouco mais de 10 os militantes da Juventude Comunista Portuguesa (JCP) encarregues de montar as estruturas da cidade da juventude, o local dedicado à JCP dentro do recinto do festival. Mas, no dia seguinte, vão chegar “mais de 200 jovens” para as Jornadas Nacionais da JCP. “Muitos deles nem são militantes, mas vêm ajudar, vêm aprender, vêm estar com amigos. Há quem chegue sem saber martelar um prego e, no fim, acabamos com uma festa deste tamanho”, revela ao Expresso Inês Guerreiro, de 21 anos, enquanto se abriga numa sombra.

Com a hora de almoço a chegar, a brisa que na Quinta da Atalaia começou a dar lugar a um calor intenso. Ainda assim, as praias a poucos minutos de distância não seduziram este pequeno grupo de jovens que continuou focado no trabalho. “Enquanto militante do PCP, esta quinta e esta festa também são minhas. É nosso dever dar um contributo para a construção da mesma”, começou por explicar Nuno Coimbra, de 20 anos. Mas não é apenas isso que faz o jovem de Tondela regressar ao Seixal pela terceira vez. “Há todo um espírito que se cria ao longo própria semana de trabalho. Um espírito de entreajuda, de solidariedade entre todos os camaradas”, continuou. “Pode ser cansativo, sim, está uma torreira horrível e os tubos estão quentes, mas isso acaba por ser menor quando comparamos com a alegria que é dar vida a esta festa, que é estar aqui com os camaradas. Se perguntar por aí, não há gajo que prefira estar na praia a estar aqui”.

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