Política

Ventura ao ataque: "É preciso respeitar a Justiça mesmo quando toca nos interesses do centrão"

Ventura ao ataque: "É preciso respeitar a Justiça mesmo quando toca nos interesses do centrão"
MANUEL DE ALMEIDA/Lusa

Líder do Chega aproveita reação do “centrão” às buscas judiciais denunciadas por Rui Rio para entrar em cena. “Sempre que muitos são afetados a Justiça está a funcionar e quando o PS ou o PSD são afetados tem que se mudar a Justiça”?

Ventura ao ataque: "É preciso respeitar a Justiça mesmo quando toca nos interesses do centrão"

Ângela Silva

Jornalista

Foi com pose de Estado e com acusações aos dois maiores partidos de estarem a tentar "condicionar a Justiça" que o líder do Chega decidiu reagir às polémicas buscas judiciais à casa de Rui Rio e a várias sedes do PSD, que já levaram o Partido Socialista a concordar com a necessidade de clarificar a lei sobre financiamento dos partidos e dos grupos parlamentares.

Numa declaração, este sábado, à comunicação social, André Ventura demarcou-se do PSD e do PS, que acusou de “passarem a ideia de que é preciso reforçar os meios de investigação quando a Justiça é para todos, mas nunca quando se trata dos donos do regime de há 45 anos”.

Defendendo que a lei sobre financiamento dos partidos e dos grupos parlamentares “é clara - há duas subvenções e duas coisas diferentes, o trabalho parlamentar e o partidário” - Ventura defendeu que querer “confundir o pagamento da renda de uma sede partidária em Bragança com a feitura de um projeto de lei na Assembleia da República” é querer ”confundir as pessoas". E assim se demarcou da posição do PSD que defende ser inequivocamente legal usar as duas subvenções como fazendo parte de um mesmo bolo financeiro que o partido gere como entender.

Sem alinhar na tese, já defendida pelo Presidente da República, de que existe na lei uma “zona cinzenta” a exigir “clarificação”, o líder do Chega considera que a lei é clara e sublinha que as buscas ao PSD só podem ter sido feitas “com aval de um juíz de Direito” . “Não conhecemos todos os dados ponderados pelo juiz que autorizou as buscas”, sublinhou.

Aproveitando a polémica em torno dos dois maiores partidos, que andam há semanas envoltos em processos judiciais diversos - do caso Tutti Frutti, que envolve autarcas e dirigentes do PSD e do PS, ao dos processos por corrupção na Defesa que forçaram António Costa a demitir mais um secretário de Estado, passando pelo deputado do PSD de Espinho esta semana acusado por corrupção - Ventura chamou ao Chega o exemplo de como gerir a relação política/justiça.

“Há uns meses, dois funcionários nossos foram alvo de buscas por difamação. Duvidámos mas nunca ousámos dizer que se tratava de um abuso ou que merecia uma alteração na lei”, afirmou, defendendo que os políticos “devem ter especial cuidado na relação com a Justiça”.

Quanto a Rui Rio, que há anos defende uma reforma da Justiça com especial enfoque no Ministério Público, o líder do Chega questiona: “Era mesmo no MP que Rui Rio queria mexer. Mas qual era a reforma que ele queria fazer? Para haver buscas nas sedes dos partidos terá que haver autorização do Presidente da República ou dos líderes partidários?”.

As polémicas buscas a casa do ex-líder do PSD já levaram o presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, a pedir ao Presidente da República que se pronuncie, por estar em causa um elagado ataque à democracia. E Rui Rio disse isso mesmo na entrevista que deu esta sexta-feira à SIC. Visto deste lado, o risco é com os métodos usados pelo Ministério Público estar a contribuir para demolir a imagem dos partidos, com ganhos para os populismos mais radicais. Para já, o Chega já entrou em cena.

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