O Governo aprovou esta quinta-feira, em Évora, o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo. Trata-se de um plano de combate à seca relativo às regiões hidrográficas do Sado e Mira e do Guadiana, para fazer face à diminuição da disponibilidade de água que se tem vindo a verificar nos últimos anos, em paralelo com o aumento das temperatura do ar, devido às alterações climáticas.
Falando aos jornalistas na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, que decorreu em Évora, no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”, o ministro da Agricultura e Ação Climática mostrou-se preocupado com o elevado “stress hídrico” da região do Alentejo e Algarve e afirmou que o objetivo das medidas constantes do plano é reforçar a resiliência do território e encontrar formas mais eficazes de responder ao desafio das alterações climáticas, assim como dar maior previsibilidade aos agricultores que dependem de elevados níveis de água.
“Descansado só ficava se chuvesse abundamentemente”, respondeu aos jornalistas Duarte Cordeiro, admitindo que, no futuro, dependendo da evolução meteorológica, o Governo possa ter de limitar a água no setor agrícola se esta faltar para o consumo humano. Daí a necessidade de fazer uma gestão criteriosa dos recursos humanos.
Antecipando que, no futuro, se registará menos “cerca de 25%” de precipitação na região do Alentejo, Duarte Cordeiro detalhou que cerca de 30% das medidas do Plano de Eficiência Hídrica dizem respeito à eficiência energética, 45% estão relacionadas com a adaptação e 17% são medidas de cariz ambiental.
Com este plano, o Governo estima “reduzir os consumos de água no setor urbano e turístico em cerca de 10%, correspondente a cerca de 17 hectómetros cúbicos, e, reduzir o consumo nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos em cerca de12%, o que corresponde a cerca de 29 hectómetros cúbicos”. “Portanto, há uma poupança global de cerca de 46 hectómetros cúbicos”, acrescentou o ministro.
Entre as medidas previstas no plano, Duarte Cordeiro destacou a ligação do Alqueva ao Monte da Rocha, que é uma das barragens no litoral alentejano que tem hoje limitações de consumo para a agricultura, e cujo projeto está numa fase de seleção do vencedor para adjudicação da obra.
“Foram também consideradas neste plano a possibilidade de desenvolvimento de duas dessalinizadoras”, realçou Duarte Cordeiro, indicando que uma é na zona do Mira, “para os regantes do Mira que através de investimento privado desafetam o seu consumo da barragem de Santa Clara, libertando assim um volume de consumo significativo que reforça a resiliência do território”. A outra, na zona de Sines e a realizar pelas Águas de Portugal, pretende responder às futuras necessidades, nomeadamente industriais na produção de hidrogénio naquele território.
O Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, que tem um horizonte de concretização das medidas até 2030, sendo a maior parte concretizável até 2027, prevê 41 medidas para o setor agrícola, o que corresponde a 56% do total de cerca de 70, indicou ainda o ministro.
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