Não ligar ao Chega, só apresentar um programa perto das eleições, manter o nível do debate político, não apresentar moções de censura, ter o PSD unido em torno do líder, manter a filosofia humanista e social-democrata e não falar de coligações pré-eleitorais - uma crítica à fotografia de Luís Montenegro com Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, num almoço a discutirem entendimentos futuros. Aníbal Cavaco Silva não fez apenas um discurso a demolir o Governo: elogiou Luís Montenegro, mas deixou um caderno de encargos detalhado para a liderança do PSD.
No seu discurso ao fim da tarde deste sábado no 3º Encontro dos Sociais Democratas, o homem do leme do Governo e do PSD ao longo de 10 anos (1985-1995) e presidente da República outra década (2016-2016) elogiou o seu mais recente sucessor: “A liderança do PSD, que ainda não completou um ano, já apresentou programas bem estruturados na emergência social, Orçamento do Estado e na habitação, de melhor qualidade do que as políticas do Governo”, afirmou, sublinhado que “a apresentação de políticas alternativas como já foi feito pelo PSD, é muito raro dos partidos de oposição no início de uma legislatura”.
Depois de um encómio de nível raro em Cavaco - “tem mais experiência política do que eu tinha quando subi a primeiro-ministro em 1985 e está tão ou mais bem preparado do que eu estava” - deixou os recados ao homem que tem mais cinco anos do que ele tinha quando chegou a São Bento. Cavaco tinha 45. Montenegro tem 50.
Este é o guião de Cavaco para o líder do PSD:
1- Programa eleitoral: “Só deve ser apresentado na proximidade do ato eleitoral, como é normal, de modo a ter em conta os recentes desenvolvimentos na cena nacional e internacional”.
2- O Chega e André Ventura: “O PSD não deve ir a reboque de outros partidos mais preocupados em ser notícia na comunicação social”.
3- Nada de coligações: “Na minha opinião, o PSD não deve cometer o erro de anunciar qualquer política de coligações tendo em vista as próximas eleições legislativas”.
4- Não à tentação das moções: “As moções de censura servem os interesses do PS, servem os erros da sua governação”.
5- Manter o nível do debate: “Fundamental é resgatar o debate político em Portugal, porque e importante em democracia. Importa conferir urbanidade e respeito pelos adversários. Os partidos não devem ser inimigos uns dos outros, é esse o estilo que o PSD deve continuar a seguir. Sem gritaria".
6- Cuidado com direita radical: “Não compactuar com políticas que choquem com a social-democracia e a filosofia humanista que a inspira (…). Fazer uma defesa intransigente dos direitos humanos”.
7- Unidade no PSD para recuperar eleitores: “O PSD e o seu líder estão a trabalhar democrática e seriamente para ganhar as próximas legislativas e então formar Governo. Falta convencer 8% a 9% de eleitores para obter o mesmo resultado do PS. Não me parece um resultado impossível. Requer trabalho e unidade em volta o líder que os militantes escolheram.”
8- Ética na governação: “O Governo liderado pelo dr. Luís Montenegro deve primar pela transparência e ética e falar verdade aos portugueses”.
9- Estimular a iniciativa privada: “Ao contrário do PS, que interfere na propriedade privada quando nem os serviços públicos é capaz de gerir, o PSD tem de saber apoiar a livre iniciativa e o talento dos portugueses”.
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