4 maio 2023 23:56

João Galamba, o ministro que Costa segurou contra Marcelo
miguel a. lopes/lusa
Quando o ministro ligou para a Judiciária, o SIS já tinha recuperado o computador do ex-adjunto. Operação foi inédita. Ilegal?
4 maio 2023 23:56
Na noite de quarta-feira, 26 de abril, horas depois de ser despedido do gabinete por João Galamba — e após as cenas de pancadaria no Ministério das Infraestruturas que levaram à intervenção da PSP — Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do ministro, foi contactado por um operacional do Serviço de Informações de Segurança (SIS), a quem entregaria o seu computador com documentos classificados. Eram 23h11 quando atendeu o primeiro telefonema do funcionário da ‘secreta’. No dia seguinte, Pinheiro ia estranhar uma nova visita, desta vez da Polícia Judiciária. Não houve partilha de informação: nem o SIS avisou a PJ que estava em campo, nem o ministro João Galamba fez saber à polícia de investigação que o seu gabinete já tinha alertado os serviços secretos, que estavam em ação. Mais: o Expresso confirmou que foi o próprio SIS a sugerir ao gabinete de Galamba para avisar as autoridades criminais.
À hora em que Luís Neves, diretor da Judiciária, foi contactado pelo próprio ministro das Infraestruturas, para lhe fazer a queixa do roubo de um computador com informação classificada, o SIS já tinha recuperado o equipamento, confirmou o Expresso junto de fonte judicial. A operação frustrada da PJ só ocorreu na quinta-feira, 27 de abril, na manhã seguinte à denúncia direta de Galamba a Luís Neves, porque o telefonema foi feito a uma hora muito tardia, havendo o risco de a diligência correr mal e de Frederico Pinheiro não querer entregar o computador. Os inspetores deslocaram-se então a casa do ex-adjunto, sem saber que, desde a noite anterior, o portátil já estava com o SIS — que o havia de entregar depois ao Ceger (o instituto que gere a rede informática do Governo).