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Galamba acionou SIS horas antes de alertar a Polícia Judiciária

João Galamba, o ministro que Costa segurou contra Marcelo
João Galamba, o ministro que Costa segurou contra Marcelo
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Quando o ministro ligou para a Judiciária, o SIS já tinha recuperado o computador do ex-adjunto. Operação foi inédita. Ilegal?

Galamba acionou SIS horas antes de alertar a Polícia Judiciária

Hugo Franco

Jornalista

Galamba acionou SIS horas antes de alertar a Polícia Judiciária

Vítor Matos

Jornalista

Na noite de quarta-feira, 26 de abril, horas depois de ser despedido do gabinete por João Galamba — e após as cenas de pancadaria no Ministério das Infraestruturas que levaram à intervenção da PSP — Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do ministro, foi contactado por um operacional do Serviço de Informações de Segurança (SIS), a quem entregaria o seu computador com documentos classificados. Eram 23h11 quando atendeu o primeiro telefonema do funcionário da ‘secreta’. No dia seguinte, Pinheiro ia estranhar uma nova visita, desta vez da Polícia Judiciária. Não houve partilha de informação: nem o SIS avisou a PJ que estava em campo, nem o ministro João Galamba fez saber à polícia de investigação que o seu gabinete já tinha alertado os serviços secretos, que estavam em ação. Mais: o Expresso confirmou que foi o próprio SIS a sugerir ao gabinete de Galamba para avisar as autoridades criminais.

À hora em que Luís Neves, diretor da Judiciária, foi contactado pelo próprio ministro das Infraestruturas, para lhe fazer a queixa do roubo de um computador com informação classificada, o SIS já tinha recuperado o equipamento, confirmou o Expresso junto de fonte judicial. A operação frustrada da PJ só ocorreu na quinta-feira, 27 de abril, na manhã seguinte à denúncia direta de Galamba a Luís Neves, porque o telefonema foi feito a uma hora muito tardia, havendo o risco de a diligência correr mal e de Frederico Pinheiro não querer entregar o computador. Os inspetores deslocaram-se então a casa do ex-adjunto, sem saber que, desde a noite anterior, o portátil já estava com o SIS — que o havia de entregar depois ao Ceger (o instituto que gere a rede informática do Governo).

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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