Uma semana depois de protestar contra Lula da Silva pela sua posição sobre a guerra na Ucrânia, o líder do Chega vai a Budapeste participar num “encontro conservador internacional” e ao seu lado terá vários políticos da extrema-direita europeia próximos e financiados por Putin
André Ventura vai participar esta semana na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Hungria), em Budapeste, que decorre entre 4 e 5 de maio e vai reunir vários líderes e partidos de extrema-direita – muitos deles com posições ambíguas em relação à Rússia e críticos do apoio ocidental à Ucrânia.
A viagem de Ventura contrasta com o protesto feito pelo Chega – que incluiu bandeiras da Ucrânia – durante a visita de Lula da Silva ao Parlamento português, no 25 de Abril. Entre as razões invocadas pelos deputados do Chega estava a “incapacidade clara de [Lula da Silva] condenar a invasão russa da Ucrânia”, disse André Ventura num vídeo partilhado no Twitter.
Agora, o líder do Chega participa num evento que conta, entre outros, com um discurso de Herbert Kickl, presidente do Partido da Liberdade da Áustria, que fez parte de um Governo que caiu em 2019 após um escândalo de corrupção: Heinz-Christian Strache, líder do partido e então vice-Chanceler austríaco, foi apanhado a facilitar contratos públicos a uma suposta sobrinha de um oligarca russo em troca de financiamento para o partido. Há mais.
O “discurso principal” deste “encontro conservador internacional” é da responsabilidade de Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, que mantém relações económicas com Moscovo e que se tem recusado a ajudar militarmente a Ucrânia. No total, são mais de 60 oradores incluindo vários republicanos da ala mais conservadora e líderes de partidos de extrema-direita europeus como o VOX, de Espanha, ou o Fratelli, de Itália.
O Expresso questionou o Chega se iria repetir o protesto a favor da Ucrânia durante a conferência, pedindo um comentário ao partido sobre as posições dos seus aliados da “nova direita europeia” em relação à Rússia. Apesar de várias insistências, não foi possível obter respostas até à publicação do artigo.
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