Política

IL: Rui Rocha responde a Santos Silva com "fruta fora de prazo" e exige pedido de desculpas formal

Rui Rocha
Rui Rocha
RODRIGO ANTUNES/Reuters

Líder dos liberais desvaloriza explicações do presidente do Parlamento e atira mais farpas: “Para quem é fruta passada, fora do prazo, todos os atores que são fruta madura parecem fruta verde”, responde Rui Rocha, exigindo um pedido de desculpas de Santos Silva

Considerando “insuficiente” a nota do gabinete de Santos Silva, Rui Rocha reafirmou esta quinta-feira que o presidente da Assembleia da República (AR) teve um "comportamento indigno" e “inaceitável” e deve um pedido de desculpas, após ter acusado a Iniciativa Liberal (IL) de “falta de maturidade política” numa conversa em privado a 25 de Abril.

Caso não o faça nas próximas horas, o líder dos liberais avançou que irá confrontar diretamente Santos Silva pelo sucedido no plenário esta tarde: “A IL confrontará o PAR, porque o mínimo que a dignidade do cargo impõe é que aquilo que disse em privado diga em público para a IL dizer também aquilo que pensa desta degradação do sistema político, em que é também um dos principais responsáveis”, afirmou Rui Rocha, em conferência de imprensa, no Parlamento.

Falando num “comportamento mais próprio de um café do que da AR”, o presidente da IL defendeu que os atos “ficam para quem os pratica”, ainda assim Santos Silva deve retratar-se publicamente depois de criticar o partido que só se fez representar pelo seu líder parlamentar na sessão de boas-vindas a Lula da Silva: “Alguém que está sistematicamente a puxar os galões e que é garante da democracia, urbanidade e convivência entre partidos e atores políticos não pode refugiar-se numa nota de imprensa e ficar escondido”, insistiu.

Duro nas palavras, Rocha não hesitou em atacar, segundo ele, “na mesma proporção” Santos Silva, afirmando que “para quem é fruta passada, fora do prazo, todos os atores que são fruta madura parecem fruta verde”. Alguém que se comporta como um “incendiário”, mas que se apresenta aos portugueses “como um bombeiro”. “A IL não se deixa ofender por quem tem um percurso de vida ao lado de Sócrates”, atirou ainda.

Para o líder da IL, o presidente da AR está “mais preocupado com a sua agenda política” rumo a Belém, do que com a condução dos trabalhos no hemiciclo. “Creio que isso belisca o exercício das suas funções”, sustentou.

Confrontado com o facto de o PAR negar ter acusado a IL de “falta de integridade política”, mas sim, "falta de maturidade política", Rocha colocou a apreciação no mesmo patamar, apontando para uma questão de semântica, tal como o Governo invocou esta semana a propósito da polémica do “parecer” da TAP. "Não faz sentido, a propósito deste incidente discutir semântica em vez de acústica", disse ainda.

Sobre a presença de mais figuras do Estado no vídeo polémico divulgado pelo Observador, o líder da IL considerou que representa um “sistema velho e cansado” de quem tem contribuído para a “degradação” do sistema político português. Mas desvalorizou ao mesmo tempo a eventual concordância de Marcelo: “Estive 72 horas antes com o PR e tivemos uma conversa amistosa. Quero acreditar que não se tratou de uma adesão ao que foi dito”, concluiu.

Na origem da polémica estão declarações de Santos Silva em privado numa sala da AR, junto de Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, entre outras figuras, sobre a sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro, que foram capturadas pela ARTV e divulgadas na quarta-feira pelo Observador. O gabinete do presidente do Parlamento emitiu, entretanto, uma nota a esclarecer que não foi dito “integridade”, mas “maturidade política” e a condenar a divulgação de uma conversa privada.

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