A decisão foi mantida em circuito muito fechado até ao último minuto, e guardada a sete chaves para ser anunciada logo na segunda-feira com estrondo. Não esperar pelo Conselho de Ministros de quinta-feira e anunciar logo tudo de uma vez fazia parte do plano: não deixar Fernando Medina a anunciar os “bons resultados” da economia em termos de redução do défice e da dívida, sem que isso fosse acompanhado da mensagem política de que toda a folga conseguida seria distribuída por quem precisa. Neste caso, os reformados.
“Fomos apanhados de surpresa, não só não foi um aumento gradual como não foi sequer no final do ano, foi um aumento já”, diz um deputado socialista, que vê a antecipação dos aumentos das pensões como um trunfo eleitoral com triplo efeito: 1) esvaziar um foco de discurso que estava a ser muito aproveitado pela oposição, à esquerda e à direita, de que tinha havido um “truque” e um “corte” de mil milhões nas pensões; 2) os pensionistas são uma fatia da população particularmente frágil porque não tem, por norma, outros rendimentos; e 3) os pensionistas são muitos, estavam zangados com o PSD de Passos Coelho, agora estavam a ficar chateados com o PS e são importantes na hora de votar. “Devemos procurar continuar a ser um porto de abrigo da esperança dos portugueses, dos mais jovens aos mais idosos”, diria o presidente do PS, Carlos César, no discurso a propósito dos 50 anos do PS, dando o exemplo dos aumentos das pensões como prova de renovada confiança eleitoral.
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