Política

Costa sobre comissão de inquérito à TAP: "Apure-se a verdade, seja ela qual for, doa a quem doer"

Costa sobre comissão de inquérito à TAP: "Apure-se a verdade, seja ela qual for, doa a quem doer"
Horacio Villalobos/GETTY

Os ecos da demissão (e indemnização) de Alexandra Reis da TAP continuam a ameaçar fazer estragos no Governo, depois de Pedro Nuno Santos já se ter demitido na sequência do caso e com a oposição a apertar o cerco a Fernando Medina. António Costa, contudo, diz-se tranquilo com o apuramento da verdade - seja ela qual for e "doa a quem doer"

No dia em que Christine Ourmières-Widener volta ao Parlamento, agora na qualidade de presidente executiva exonerada do Conselho de Administração da TAP, António Costa não quis comentar os eventuais impactos e consequências que as audições em curso na comissão de inquérito à gestão da TAP - e ao caso da indemnização de Alexandra Reis - possam ainda vir a ter no seu Governo. Fugindo às perguntas dos jornalistas, e querendo apenas falar do investimento no Ensino Superior, que era o motivo da cerimónia, o primeiro-ministro limitou-se a dizer que está tranquilo em relação ao apuramento da verdade e que tirará as “ilações” que tiverem de ser tiradas.

“Nunca estou preocupado quando se trata de apurar a verdade; o país nunca fica pior sabendo a verdade, seja a verdade qual seja e doa a quem doer”, começou por responder, no Palácio Foz, depois de uma reunião com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos a propósito da reforma dos politécnicos na atribuição de doutoramentos e de um maior investimento no sector.

Perante a insistência dos jornalistas sobre as consequências que as audições na comissão de inquérito à TAP poderão ter, o primeiro-ministro insistiu apenas que “se houver ilações tiram-se ilações”. “A verdade nunca poderá ser prejudicial”, disse apenas. E voltaria ao tema que queria: ”O investimento no Ensino Superior tem de prosseguir, porque o maior fator de atraso no nosso país foi não termos investido a tempo e horas nas qualificações". Resolver o problema da falta de alojamento estudantil e ajudar a combater o abandono escolar no superior estão à cabeça das preocupações, disse ainda.

Sobre o tema do dia, a audição da ex-CEO da TAP, Costa fugiu a mais comentários. Questionado sobre se o Governo está preocupado com o que hoje dirá Christine Ourmières-Widener, e também sobre o facto de o líder do PSD, Luís Montenegro, ter acusado o diretor financeiro desta empresa, Gonçalo Pires, de ter mentido na Assembleia da República, o primeiro-ministro respondeu apenas: “Para que não fique qualquer dúvida, nunca estou preocupado quando se trata de apurar a verdade.”

“Para já, não antecipemos os resultados e deixemos quem está a trabalhar, trabalhar, concluir os relatórios. Depois, se houver ilações a tirar, tiram-se ilações”, acrescentou. Em causa está o facto de as últimas audições, tanto do diretor financeiro da TAP, como do presidente da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), terem dado conta de mais comunicações - informais ou não - feitas no Governo sobre a polémica indemnização que levou à saída de Pedro Nuno Santos do Governo. Resta saber se, como disse Costa, as consequências políticas já foram tomadas, ou se haverá mais consequências a retirar.

Esta terça-feira é a vez de a presidente da comissão executiva, Christine Ourmières-Widener, voltar a falar - sendo que desta vez fá-lo-á já como presidente executiva exonerada e com o relatório da Inspeção-Geral de Finanças já fechado, que aponta para falhas de gestão e para a concretização de um acordo ilegal. A audição ocorre também depois de se saber que a ainda presidente executiva da TAP vai contestar judicialmente a decisão, e está disponível para disparar em várias direções. É que Christine Ourmières-Widener já veio dizer, segundo a CNN, que afinal o administrador financeiro, Gonçalo Pires, sabia que Alexandra Reis ia sair muito antes de o assunto ter sido comunicado aos órgãos sociais, a 4 de fevereiro, o que contraria o depoimento do gestor português quer à IGF, quer na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Christine Ourmières-Widener vai assim ter oportunidade de falar depois de o ministro João Galamba ter dado orientações para que a apresentação dos lucros da TAP em 2022 fosse feita de forma discreta.

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