
Ex-deputado defende o reforço da democracia interna e uma nova estratégia para recuperar eleitores
Ex-deputado defende o reforço da democracia interna e uma nova estratégia para recuperar eleitores
Jornalista
O PAN pode ser o último partido a mudar de líder depois do vendaval da maioria absoluta que varreu a maioria das lideranças partidárias. O ex-deputado Nelson Silva é candidato a porta-voz do PAN e vai defrontar Inês Sousa Real no Congresso Nacional do partido, que deve ser agendado para junho, quando chega ao fim o mandato da atual Comissão Política Nacional (CPN).
Ao Expresso, o candidato diz que sempre mostrou “disponibilidade”, mas só após a auscultação dos membros da corrente interna “Mais PAN, Agir para Renovar” é que decidiu avançar na corrida. “Consideramos que para a fase que se avizinha e para o trabalho que é preciso fazer, a nossa lista à direção é a mais capacitada e eu o candidato natural a porta-voz, tendo em conta minha experiência política”, afirma Nelson Silva.
Há um ano a preparar a oposição, foi um dos dez elementos da CPN que apresentaram a demissão em fevereiro de 2022, alegando “total asfixia democrática interna”, sendo o principal rosto dos críticos internos. Agora, propõe-se tentar “salvar" e “reconstruir” o partido, após os escassos resultados eleitorais. “Houve vários tiros no pé por parte da atual liderança e estamos a caminhar para a irrelevância política”, alerta o ex-deputado e deputado Municipal na Assembleia Municipal de Odivelas, que promete devolver o partido às bases.
Entre as maiores críticas, aponta o dedo à CPN pela abstenção no último Orçamento do Estado, em contexto de maioria absoluta, quando o partido conseguiu “escassos ganhos”, dando a mão ao Governo socialista. E ainda o novo regulamento de admissão de filiados que dá à direção “poder discricionário” de prender uma decisão sobre qualquer filiação num prazo máximo de seis meses.
“Tendo em conta que esse regulamento entrou em vigor em janeiro e o Congresso previsto para junho é fácil deduzir o motivo. Para mim, foi a maior machadada à democracia interna, para tentar controlar o partido e as votações na reunião magna”, acusa, criticando ainda o facto de a CPN não ter convocado ainda o Congresso para dar “tempo suficiente” ao debate de ideias.
A nível interno propõe alterações aos estatutos do PAN, para que o congresso seja aberto a todos os membros, e as eleições para os órgãos nacionais passem a ser diretas. “Cada filiado um voto”, vinca Nelson Silva, considerando que é preciso promover a “democracia” e a “transparência” interna. Já a nível programático, a sua moção estratégica defende o repensar da escola pública, uma maior aposta na saúde preventiva e nos mecanismos de transparência e anticorrupção, a par da afirmação do partido como “força da ecologia” e da “proteção animal” no país.
“Tornei-me ecologista aos 17 anos, sou ativista anticorrupção desde os 14. Foi a minha primeira causa e que me despertou para a política. O PAN já batalhou muito nesse campo e é algo que pretendo recuperar”, justifica.
Para Nelson Silva, cabe ao partido continuar a olhar para o país através da “lupa da ecologia” e da causa animal, mas não pode ser "monotemático, devendo abranger mais áreas, dentro da lógica da justiça social (habitação, emprego, segurança). “Chamo a isto voltar ao básico. Fomos reler declaração de princípios do PAN e o programa político inicial, o que constituiu a linha mestra da nossa moção”, explica.
Também, por isso, sairá em defesa do Rendimento Básico Incondicional (RBI), considerando que o partido tem “ficado atrás” nesta matéria, apesar de já ter sido aprovada em Congresso. “Tem que ser uma das nossas bandeiras. Porque não um projeto-piloto de RBI para as pessoas que perdem emprego para Inteligência Artificial (IA)?”, questiona.
Entre os 27 membros efetivos da CPN, integram a lista Soraia Ossman, deputada municipal em Loures; Ricardo Vicente, deputado municipal em Mafra e membro da CPN de Lisboa, Nelson Batista, deputado municipal em Vila Franca de Xira e Rui Prudêncio, um dos históricos do PAN.
Assim que for agendado o Congresso, Nelson Silva e outros membros da sua lista à CPN vão dar uma conferência de imprensa para revelar mais detalhes sobre a moção estratégica.
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