A polémica instalou-se há cinco anos, quando foi divulgada a intenção da Câmara Municipal de Santa Comba Dão inaugurar um Centro Interpretativo e Museu do Estado Novo, na antiga Escola-Cantina Salazar, no Vimieiro, freguesia onde nasceu António Oliveira Salazar. Em 2019, menos de um ano depois, o Parlamento condenou a criação do “museu Salazar” a partir de uma iniciativa do PCP – que reuniu os votos a favor do PS, BE, PCP e PEV e as abstenções do PSD e CDS. O voto de condenação não impediu que o município avançasse com a obra. Inicialmente apontado para inaugurar em 2019, é para o “final de Maio” deste ano que o presidente da Câmara de Santa Comba Dão, Leonel Gouveia, aponta o abrir de portas do centro interpretativo. Contudo, trata-se ainda da “fase 1” do projeto que servirá de “auscultação” da “comunidade” para chegar ao “modelo final”, disse ao Expresso o autarca. Para uma fase seguinte e mais robusta, o município ainda está “à procura de financiamento”. O presidente voltou a defender o espaço como “absolutamente necessário” para “interpretar factos” e compreender “virtudes da democracia”.
Quando foi anunciado, o centro interpretativo fazia parte do projeto Rota das Figuras Históricas, iniciado pelo ADICES - Associação de Desenvolvimento Local, que incluía a construção de outros centros semelhantes em regiões vizinhas como Cabanas de Viriato ou Caramulo. O autarca de Santa Comba Dão confirmou ao Expresso que este projeto “não teve continuidade”, mas não pormenorizou as razões por detrás desta decisão. Assim, o Centro Interpretativo e Museu do Estado Novo perdeu o financiamento para avançar com a “fase 2” que contempla a execução efetiva do espaço. “Será por décadas e temáticas, com aqueles que foram os momentos mais importantes do Estado Novo, e está pensado para acontecer em quatro anos”, detalha o autarca acerca da segunda fase do projeto. Confiante de que conseguirá avançar, Leonel Gouveia garantiu que o município está a “trabalhar na candidatura” para encontrar “financiamento”.
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