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Política

José Manuel Galvão Teles: “Nunca tive medo do risco e sempre tive medo do medo”

José Manuel Galvão Teles: “Nunca tive medo do risco e sempre tive medo do medo”
José Carlos Carvalho
Num testemunho inédito, José Manuel Galvão Teles, fundador de uma das maiores sociedades de advogados nacionais, revê uma longa vida, marcada pela história política do país. O Expresso recupera uma entrevista com o advogado que faleceu esta quinta-feira. O texto foi originalmente publicado em março de 2018
José Manuel Galvão Teles: “Nunca tive medo do risco e sempre tive medo do medo”

Ana Soromenho

Jornalista

José Manuel Galvão Teles: “Nunca tive medo do risco e sempre tive medo do medo”

Nicolau Santos

Diretor-Adjunto

José Manuel Galvão Teles: “Nunca tive medo do risco e sempre tive medo do medo”

José Carlos Carvalho

Fotojornalista

Amizade, luta, firmeza, alcance, liberdade. São, porventura, palavras que traçam o perfil deste homem, fundador de uma das maiores sociedades de advogados portuguesas, a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados (MLGTS).

Numa longa conversa — iniciada em dezembro passado e terminada já depois da saída de Nicolau Santos do Expresso — percorremos sem guião prévio os anos de juventude, das lutas estudantis e dos movimentos católicos, o tempo do PREC e do núcleo fundador do Movimento de Esquerda Socialista (MES), a passagem da advocacia dos tribunais para as grandes sociedades de advogados, numa deambulação franca e generosa revisitada pelas suas memórias. Que têm como bússola a direção da amizade e como matriz a família e a luta pela democracia e pela liberdade no seu sentido mais amplo.

“Agora, luto ferozmente contra a doença e agarro-me à minha liberdade com todas as forças. Por vezes, corro riscos evitáveis só para me sentir livre”, dir-nos-á no final da entrevista. Perguntamos por onde lhe apetece começar a conversa. José Manuel Galvão Teles, que, como todos os grandes contadores de histórias sabe que uma narrativa tem de ter uma ordem, escolhe o início. Em abril fará 80 anos.

O seu avô paterno, Adriano Telles, foi o homem que no início do século XX fundou os cafés A Brasileira. Chegou a conhecê-lo?
Não. Morreu em 1932, eu nasci em 1938. Por acaso, comecei agora a mexer nos papéis e fiquei com vontade de escrever sobre ele, tenho grande admiração pela figura. Era de uma aldeia de Alvarenga, no concelho de Arouca, e com 12 anos partiu para o Brasil, instalou-se em Rio Branco, em Minas Gerais, fez fortuna com o café e casou-se com uma mulher da terra. Quando ela morreu, regressou a Portugal e montou o negócio, mas teve muito dificuldade para o impor, porque o café do Brasil não era apreciado por cá. Chegou a andar pelo Chiado a distribuí-lo de borla.

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