

Amizade, luta, firmeza, alcance, liberdade. São, porventura, palavras que traçam o perfil deste homem, fundador de uma das maiores sociedades de advogados portuguesas, a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados (MLGTS).
Numa longa conversa — iniciada em dezembro passado e terminada já depois da saída de Nicolau Santos do Expresso — percorremos sem guião prévio os anos de juventude, das lutas estudantis e dos movimentos católicos, o tempo do PREC e do núcleo fundador do Movimento de Esquerda Socialista (MES), a passagem da advocacia dos tribunais para as grandes sociedades de advogados, numa deambulação franca e generosa revisitada pelas suas memórias. Que têm como bússola a direção da amizade e como matriz a família e a luta pela democracia e pela liberdade no seu sentido mais amplo.
“Agora, luto ferozmente contra a doença e agarro-me à minha liberdade com todas as forças. Por vezes, corro riscos evitáveis só para me sentir livre”, dir-nos-á no final da entrevista. Perguntamos por onde lhe apetece começar a conversa. José Manuel Galvão Teles, que, como todos os grandes contadores de histórias sabe que uma narrativa tem de ter uma ordem, escolhe o início. Em abril fará 80 anos.
O seu avô paterno, Adriano Telles, foi o homem que no início do século XX fundou os cafés A Brasileira. Chegou a conhecê-lo?
Não. Morreu em 1932, eu nasci em 1938. Por acaso, comecei agora a mexer nos papéis e fiquei com vontade de escrever sobre ele, tenho grande admiração pela figura. Era de uma aldeia de Alvarenga, no concelho de Arouca, e com 12 anos partiu para o Brasil, instalou-se em Rio Branco, em Minas Gerais, fez fortuna com o café e casou-se com uma mulher da terra. Quando ela morreu, regressou a Portugal e montou o negócio, mas teve muito dificuldade para o impor, porque o café do Brasil não era apreciado por cá. Chegou a andar pelo Chiado a distribuí-lo de borla.
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