4 fevereiro 2023 9:54

Marcelo faz na rua o que Soares fez à mesa: campanha contra “uma maioria morta”
antónio cotrim/lusa
Soares chegou a promover um jantar de notáveis com a dissolução da maioria de Cavaco na ementa. Marcelo, com os mesmos argumentos, mantém a dissolução ao lume
4 fevereiro 2023 9:54
Dissolução ou não, eis a questão. Dez meses após ter tomado posse, a maioria absoluta de António Costa já não se livra da sombra de uma eventual dissolução do Parlamento que descambe em eleições antecipadas e o Presidente da República não é alheio a esta história. Marcelo Rebelo de Sousa tem dado gás à conversa sobre o eventual uso da ‘bomba atómica’ — o poder máximo de um chefe de Estado — e ao fazê-lo partilha a tentação vivida nos anos 90 pelo ex-Presidente Mário Soares quando coabitou com os Governos de Cavaco Silva.
Foi em junho de 1993, ainda a segunda maioria cavaquista não levava dois anos de vida (embora Cavaco já acumulasse oito no poder), quando o Expresso noticiou em manchete que Soares tinha juntado 13 conselheiros no restaurante Aviz, em Lisboa, para analisar a possível queda do Governo. “Presidente discutiu dissolução com núcleo duro — soaristas formulam três condições para eleições antecipadas”, escrevia o semanário na primeira página. E as condições eram iguais às que o atual Presidente deixa transparecer quando fala do assunto em público.