Independentemente do resultado, Marcelo Rebelo de Sousa quer ver vida na maioria absoluta socialista após as eleições europeias de 2024, mas essa prova de vida não será comprovada por simples “aritmética”.
Confrontado pelos jornalistas, no encerramento da iniciativa Músicos em Belém, com o facto de Cavaco Silva ter perdido as eleições europeias de 1994 por pouco mais de um ponto percentual, o Presidente explicou: “O que se passou a seguir mostrou que estava esgotada. A seguir, o então primeiro-ministro admitiu que ia repensar a sua posição na frente do partido, durante meses viveu-se à espera da decisão, depois houve congresso que o substituiu, mas continuou primeiro-ministro. Depois, o líder eleito foi proposto para vice-primeiro-ministro mas não aceitou e tudo isso significou que, do verão de 94 até às eleições em outubro de 95, foi um longo período de apagamento progressivo do governo.”
E agora, como será em caso de derrota socilalista? “A primeira maioria absoluta de Cavaco Silva perdeu as autárquicas e, no entanto, mostrou um dinamismo que permitiu ganhar nova maioria absoluta”, responde Marcelo E como será feita a avaliação ao estado anímico do governo de António Costa? “Com a capacidade, que espero que esta maioria tenha, de por no terreno os fundos estruturais, de utilizar os milhares de milhões de fundos num sentido único e irrepetível para o país. No fundo, ficar dinâmica independentemente do resultado, porque depois ainda há autárquicas em 25.” “Não se mede com aritmeticamente, mede-se por aquilo que uma maioria é ou não capaz de fazer”, concluiu.
“Um ano letivo substancialmente perdido”?
Em véspera de nova ronda negocial entre professores e governo, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o seu magistério é de “influência”, mas foi deixando alertas. Relembrou que mesmo entre professores, há divisões quanto à reposição do tempo de serviço a separar os “mais antigos dos menos antigos” e que é necessário encontrar “soluções que não agravem desigualdades e que permitam ir atenuando desigualdades que se acumularam ao longo do tempo”, o Presidente da República diz-se preocupado com alunos e famílias.
“Os alunos foram dois anos largamente afetados pela pandemia e estou a ser simpático com o largamente. Um terceiro ano? É uma paragem muito grande na vida escolar. Para as famílias é uma confusão, não sabem como preparar a sua vida”, disse. O alerta veio depois. “Problema é ser um ano letivo substancialmente perdido ou não. Essa é a avaliação que todos têm de fazer. Até por isto, há um momento em que a simpatia que de facto há na opinião pública quanto à causa dos professores se pode virar contra eles.”
“O Tribunal é soberano”
Sem querer abordar a polémica em torno da Jornada Mundial da Juventude, o Presidente disse apenas que há diligências em curso e que “as entidades envolvidas estão a falar e a tratar de compatibilizar o sucesso dessa jornada com a situação que vivemos no mundo e em Portugal”.
Marcelo Rebelo de Sousa ainda abordou o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) ao diploma da morte medicamente assistida. “O Presidente respeita as decisões do TC. O que o TC diz, está dito, é soberano e deve ser aceitado”, disse, antes de confirmar que ainda esta quarta-feira pedirá a fiscalização preventiva do diplomas das ordens profissionais. Quanto à eutanásia, para o PR, a questão é clara: “É fundamental que fique claro, em termos de certeza e segurança, a posição do TC.”
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