Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que o que o país pediu nas últimas legislativas foi “uma maioria que dure e uma maioria que faça”, mas continua a não afastar a hipótese de o ciclo não se cumprir.
Confrontado com a pergunta sobre eventuais eleições antecipadas depois das eleições europeis de 2024, o Presidente da República lembrou que nos anos 90 “houve uma maioria que enfrentou eleições europeias em que o seu partido perdeu e não houve dissolução do Parlamento, mas esse maioria formalmente continuou de pé mas estava morta”. E Marcelo não se mostra adepto de maiorias mortas.
“O que queremos é uma maioria absoluta que não esteja morta”, uma maioria “que não seja só de nome, mas de obra”, assumiu, repetindo o trabalho de casa que já entregou ao primeiro-ministro para “este ano decisivo”: aproveitar a oportunidade “única” do PRR para pôr em marcha “uma estratégia de recuperação económica”. Mas para isso, alertou, “é preciso ganhar dinamismo”. Porque mesmo sem haver dissolução do parlamento, pode acontecer um Governo entrar “em dissolução interna”.
“O que interessa é que o Governo mantenha vitalidade” por forma a, cumprindo-se a legislatura, “se chegue ao fim e os portugueses digam: valeu a pena”. Pela sua parte, o Presidente diz-se disposto a “ajudar o Governo a não se pôr a jeito” (expressão assumida por António Costa na entrevista que deu na segunda-feira à RTP). Mas não retira pressão ao Executivo.
Pelo contrário, Marcelo insiste que “a maioria absoluta é um meio, não é um fim” e lembrou ter dito isso mesmo no discurso que fez ao dar posse a este Governo. Um ano passado, o PR regista que correu mal. E insiste que o que espera é que, “sem alibis”, se faça “o que tem que ser feito”, insistindo que “há condições para isso”.
Se o Governo falhar, Marcelo não parece disposto a pactuar com maiorias “mortas”.
“Muito importante que a TAP dê a volta”
Em conversa com jornalistas à margem de mais uma iniciativa Músicos no Palácio de Belém, o Presidente ainda comentou o polémico bónus da CEO da TAP, afirmando que este assunto decorre de um acordo dentro do Governo.
“Pelo que percebi, o bónus foi resultante de um acordo celebrado entre os ministérios das Infraestruturas e das Finanças”, afirmou, Agora, o Presidente reforça a importância da criação de soluções para a companhia aérea: “É muito importante para os portugueses que a TAP dê a volta, que passe a ganhar dinheiro, uma vez que é dinheiro dos portugueses que se perde e recupera parcialmente“.
Depois, Marcelo espera ver definido "por quem pode definir, que é, no fundo, o Governo, se deve ser privatizado e em que termos deve ser privatizado”, acrescentou, lembrando que “a TAP esteve com tudo para ser privatizada na véspera da pandemia” com uma “grande companhia europeia alemã.”
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