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Francisco Assis arrasa questionário de Costa: "Estamos a entrar numa banalização da discussão ética que é perigosa para a nossa democracia"

É presidente do Conselho Económico e Social desde 2020
É presidente do Conselho Económico e Social desde 2020
NUNO BOTELHO

Francisco Assis critica o questionário aprovado pelo Governo para escrutínio de futuros governantes. Não concorda e não assinaria. Em entrevista ao Expresso, diz que não quer fazer terceiro mandato no Conselho Económico e Social e que será feliz fora da política

Francisco Assis, fala das reformas necessárias para melhorar o Conselho Económico e Social e a Concertação Social. Alerta para os riscos políticos de, em nome da ética, se entrar numa escalada de cedência aos “apelos populistas e justicialistas”. “Pensamos que eles acabam se atirarmos para lá alguns sacrificados, mas a verdade é que a natureza deles é a de serem absolutamente insaciáveis”. O antigo líder da bancada parlamentar socialista e antigo candidato à liderança do PS, está “plenamente convencido” que esta Legislatura chegará ao fim. Mas, se isso não acontecer, não faz – por agora – qualquer plano para regressar à política. Só garante, por enquanto, que não cumprirá mais nenhum mandato à frente do CES.

Na sua última intervenção pública, citou os clássicos para dizer que “o principal código ético é o da vergonha”. Está a referir-se a quem concretamente? Aos políticos em geral, ou ao governo em particular?
A toda a gente. Uma coisa é o direito e outra a ética. O direito codifica-se, a ética tenho dúvida que possa ser codificada. Ou se tem, ou não se tem. É do domínio da responsabilidade do compromisso absoluto. Não me passa pela cabeça que se entre na vida pública sem um grau de exigência ética muito elevado. E não parto do principio da desconfiança em relação as pessoas. Acho que é um mau princípio na vida em sociedade se estivermos sistematicamente a desconfiar uns dos outros. Se alguém nos desilude por qualquer motivo, há mecanismos que devem ser usados e decisões que devem ser imediatamente tomadas. Há alguns anos atrás, levantou-se a questão de um código ético no PS para assumir qualquer função de responsabilidade. Felizmente, na altura estava afastado, e coloquei-me a questão se assinaria aquele código. Porque estar a assiná-lo era estar já a desconfiar de mim mesmo. Tenho muitas dúvidas. Por isso, estes mecanismos que o Governo agora criou são coisas que não merecem a minha concordância. Em Portugal, estamos a entrar num campo de banalização da discussão ética que é extraordinariamente perigosa para a nossa democracia.

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