Marcelo junta Medina à questão dos professores e pressiona Pizarro a manter “diálogo”
ANDRÉ KOSTERS
Durante a cerimónia dos 30 anos do Infarmed, Marcelo Rebelo de Sousa deixou mensagens ao ministro das Finanças e ao ministro da Saúde. A Fernando Medina foi pedida responsabilização partilhada na questão dos professores, a Manuel Pizarro pediu “diálogo” e “espírito reformador”
Lá dentro, saúde. Cá fora, ética e educação. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitou a cerimónia de 30 anos do Infarmed para tratar de quase toda a atualidade. À porta, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado à cerca das greves de professores que estão a afetar todos os distritos e o PR não deixou a questão entregue apenas ao ministro da Educação, João Costa, e chamou Fernando Medina à negociação que será feita como os docentes. “Quando há responsabilidade financeira não é o ministro da Educação que é convocado para a solução, é importante que o ministro das Finanças e o Governo como um todo sejam envolvidos”, disse.
No diálogo que será “reiniciado” quarta-feira – e para o qual, segundo Marcelo, houve “abertura” por parte do primeiro-ministro – o PR considera que a “solução financeira” é a mais “complicada”. “Talvez a reivindicação mais difícil é a ideia do reconhecimento [da carreira dos professores] de uma só vez e não faseado. Não sei se é comportável do ponto de vista financeiro ou se há margem”. Assim, Marcelo volta a sublinhar a importância da presença de Fernando Medina na mesa de negociações, ao lado de João Costa. Ainda durante a sua resposta aos jornalistas, Marcelo solidifica a posição quando lembra que o Governo deve funcionar como “um todo” e, por isso, o diálogo pode ser feito com “vários ministros”. Para o bem de todos.
É que, disse Marcelo, não é do interesse de ninguém, dos pais aos professores, dos alunos aos sindicatos e dos sindicatos ao Governo, que as greves se prolonguem até ao Carnaval. Sobretudo depois de “dois anos perdidos” da pandemia: “ninguém quer mais um ano com altos e baixos, avanços e recuos”.
É preciso “diálogo” e “espírito reformador” na saúde
Já durante a cerimónia dos 30 anos do Infarmed, foi o ministro da Saúde que ganhou destaque no discurso de Marcelo. Depois de congratular as três décadas de trabalho da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, o PR fez questão de se dirigir diretamente ao ministro da Saúde pedindo-lhe mais diálogo e inclusão das pessoas nas decisões governativas. “É preciso fazer dos portugueses decisores daquilo que é fundamental para as suas vidas, esclarecê-los e informá-los permanentemente”, disse.
O PR invocou a necessidade de “espíritos reformadores” capazes de conduzir as “mudanças necessárias” na saúde. E pediu por “melhores condições para o SNS” e para “não atrasar” as “leis necessárias para dar corpo à intervenção do novo instituto público e autonomia das entidades colocadas no terreno”.
O Chefe de Estado deixou ainda mais um aviso a Manuel Pizarro: “Importa acelerar a transição orgânica e funcional, quanto mais lenta for mais dolorosa será”. Por fim, o PR dirigiu um voto “esperançoso e exigente” ao trabalho que irá ser levado a cabo pelo ministro nos próximos dias junto do sector profissional de saúde.