13 janeiro 2023 18:26

Navio patrulha oceânico "Figueira da Foz"
Manutenção tem um défice de 41% face às necessidades para os equipamentos não se degradarem. 57% dos militares que abandonaram a Marinha fizeram-no por razões financeiras.
13 janeiro 2023 18:26
Os problemas de manutenção dos navios e o défice de pessoal na Marinha continuam a agravar-se, segundo uma apresentação sobre o estado do ramo a que o Expresso teve acesso, da autoria do próprio Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Gouveia e Melo. As necessidades de verbas para manutenção em 2023 são estimadas pela Armada em €80 milhões, mas o valor atribuído pelo Orçamento do Estado é de apenas €47,2 milhões, o que representa um défice de 41% face às necessidades. Em falta só para este ano, segundo o mesmo documento, estão €33 milhões, o que não garante o ciclo de manutenção do material e que contribui para o desgaste dos meios navais e para a sua inoperacionalidade. Em termos médios, nos últimos cinco anos a Marinha precisava de mais €23 milhões/ano para suprir as necessidades de manutenção.
No caso do pessoal, a Marinha contabiliza uma perda de 20% de efetivos em 10 anos (ver gráfico), uma redução de 1767 efetivos — de 8832 militares para 5135 em novembro do ano passado. Se a quebra se mantiver ao mesmo ritmo, segundo uma projeção feita na mesma apresentação, em 2027 o ramo ficará abaixo de mínimos em termos de praças (marinheiros e cabos) disponíveis para embarcar. Segundo um estudo da Marinha, 57% dos militares abandonam as Forças Armadas por razões financeiras e 35% devido à taxa de esforço que lhes é exigida (14% fazem-no para entrar nas forças de segurança).