Uma semana depois de ter escapado a uma moção de censura, o primeiro-ministro voltou ao Parlamento para tentar passar uma borracha por cima das últimas semanas horribilis do Governo. Com uma remodelação forçada e fresca na memória e ainda com a vaga da recém-demitida secretária de Estado da Agricultura por preencher, António Costa ia preparado para três abordagens: primeiro, mostrar que, “quando os problemas surgem, é preciso encontrar soluções”, e para isso levava o trunfo do mecanismo de controlo prévio dos governantes que será aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros; depois, demarcar-se da atuação das suas antigas secretárias de Estado já demitidas, assumindo que violaram a lei; e, por fim, mostrar resultados económicos positivos e criticar “os heterónimos da direita” que, à falta de críticas à realidade, se batem pelo vocabulário do “caos”.
“Ninguém gosta de problemas na vida interna de um Governo, eu lamento profundamente e lamento perante os portugueses, que não gostam e censuram o Governo por isso”, diria a dada altura António Costa numa troca de argumentos com Carlos Guimarães Pinto (IL), que o tinha acusado de não assumir responsabilidades. Costa chamou-lhe antes “aprender a lição” e a lição, disse, está aprendida. Prova disso é o mecanismos de controlo prévio dos governantes, que o primeiro-ministro anunciou na semana passada e que pôs em marcha para mostrar que não está disposto a tolerar mais falhas no currículo ou atuação dos futuros membros do Governo.
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