Política

PSD exige presença de Costa em debate de urgência no Parlamento para explicar “epidemia de crises políticas”

PSD exige presença de Costa em debate de urgência no Parlamento para explicar “epidemia de crises políticas”
MIGUEL A. LOPES/ Lusa

Após a demissão do ministro Pedro Nuno Santos, Paulo Rangel quer “explicação cabal” do primeiro-ministro, “em pessoa, já na próxima semana”. O vice-presidente social-democrata aponta “degradação política” com a sucessão já não de “casos”, mas de “vícios originais”

PSD exige presença de Costa em debate de urgência no Parlamento para explicar “epidemia de crises políticas”

Hélder Gomes

Jornalista

Paulo Rangel, o primeiro vice-presidente do PSD, disse que o seu partido “exige” ao primeiro-ministro “uma explicação cabal” na Assembleia da República sobre os acontecimentos que levaram à demissão do ministro Pedro Nuno Santos. Esses esclarecimentos devem ser feitos “já na próxima semana”, num “debate de urgência” que os sociais-democratas vão pedir, salientou esta quinta-feira em conferência de imprensa no Porto.

Mas António Costa deve fazê-lo “em pessoa”, sublinhou Rangel, uma vez que, justificou, “o tempo não é de se esconder, o tempo é de responder”. O dirigente do PSD respondeu ainda ao apelo que o chefe do Governo fez em entrevista recente à revista “Visão”: “Não, nunca nos habituaremos a esta partidarização do Governo e da Administração Pública”, “a esta navegação à vista sem rumo”, “a esta política de empobrecimento” ou “a esta apagada e vil desistência do país”, assegurou.

No que descreveu como uma “verdadeira epidemia de crises políticas”, “com 11 demissões em sete, oito, nove meses” – um “recorde lamentável”, frisou – Rangel falou também em “gritante falta de rumo e de coordenação”, em “errância de decisões e nomeações” e num “sinal da degradação política a que o Governo chegou”. “A autoridade e a credibilidade do primeiro-ministro saem fortemente abaladas”, avaliou, acrescentando que tanto o Governo como Costa “perdem autoridade moral”, além da política.

Para Rangel, há um “padrão de instabilidade” e “definhamento do Governo”, não se tratando já de “casos”, antes de “vícios originais”, que mostram a “evidente incapacidade do primeiro-ministro para liderar o seu terceiro Governo”. Um Governo que se encontra “paralisado”, que “consome todas as suas energias” em polémicas e que está “centrado no umbigo das suas lutas internas” pela sucessão do líder do partido.

O Governo “deixou de governar”, sendo a mais recente “uma crise grave, muito grave”. “António Costa e o PS obtiveram maioria absoluta para criar um governo estável. Mas, neste momento, a maioria absoluta é um fator de instabilidade”, criticou ainda. “Voltou, com ganância e força, o PS dos ‘jobs for the boys’ e dos ‘jobs for the girls’”, proclamou, referindo-se ao Governo como uma “máquina de equilíbrios”, de “truques, habilidades e trapalhadas” e de “obstrução sistemática” à presença de governantes no Parlamento. Um Executivo que se habitou a “anunciar as demissões depois da meia-noite”, anotou igualmente, apelando ao primeiro-ministro que se deixe de “distrações europeias”.

Segundo Rangel, a demissão de Pedro Nuno Santos “não encerra o assunto e deixa muitos pontos em aberto”, tendo o ministro das Finanças “muito que explicar”. Isto porque “Fernando Medina fez uma escolha pessoal”: Alexandra Reis – primeiro para a presidência da NAV, depois como sua secretária de Estado do Tesouro. “O Ministério das Finanças tem respostas por dar e tem respostas a dar”, insistiu. E acrescentou: “Não esquecemos como [Medina] olhou para o caso Sérgio Figueiredo.”

A demissão de Pedro Nuno Santos foi conhecida na última noite na sequência do caso da indemnização recebida pela agora ex-secretária de Estado do Tesouro quando Alexandra Reis saiu da TAP. A saída do ministro das Infraestruturas do Governo aconteceu 24 horas depois de o ministro das Finanças ter demitido a secretária de Estado, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros paga pela TAP, tutelada por Pedro Nuno Santos.

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