25 dezembro 2022 10:38
Líder do PSD Luís Montenegro
estela silva/lusa
Artigo de Passos sobre eutanásia terá aberto “caixa de Pandora”. Novo ano será de maior contestação interna
25 dezembro 2022 10:38
As críticas a Luís Montenegro que se foram ouvindo em surdina e a coberto do anonimato nos seis meses que leva à frente do PSD vão passar a ter rosto já no arranque do novo ano. Foi essa a indicação que o Expresso recolheu junto de várias figuras sociais-democratas. E o grande acelerador terá sido o artigo mais recente de Pedro Passos Coelho no “Observador”. O antigo primeiro-ministro, de que Montenegro foi líder parlamentar, afirmou não compreender que um partido não tome uma posição de fundo sobre a eutanásia. O recado tinha o atual líder do PSD como destinatário óbvio: Montenegro diz ser “tendencialmente contra” a despenalização da morte medicamente assistida, embora admita ter ainda algumas “dúvidas”.
“O artigo de Passos Coelho inaugura, de alguma forma, as críticas internas à liderança do PSD, que Passos apoiou politicamente”, diz Patrícia Silva, professora auxiliar da Universidade de Aveiro (UA) e coautora do livro “Breve História do Partido Social-Democrata”. A académica defende que “é a história a repetir-se”, uma vez que em 2018 foi também na sequência do debate sobre a eutanásia que se abriram as comportas à “forte contestação interna a Rui Rio”. O ex-líder assumiu então claramente uma posição favorável à despenalização da eutanásia, “contra o seu grupo parlamentar e em contramão com a posição mais conservadora do seu eleitorado. Foi, aliás, Montenegro quem mais deu voz às críticas a Rio”, recorda ao Expresso.