Primeiro foi a entrevista à revista Visão, publicada na quinta-feira, onde aparece com pose e tom “absolutista”, depois foi a resposta “infeliz” que deu aos jornalistas no final do Conselho Europeu, em Bruxelas, sobre o facto de não ter ligado a Carlos Moedas por causa das inundações em Lisboa - que culminou num pedido de desculpas público no dia seguinte. O tom e a forma como o primeiro-ministro tem falado, que encaixa que nem uma luva na narrativa do “rolo compressor da maioria absoluta”, pôs várias vozes socialistas de pé atrás: enquanto uns veem sinais de comparação com maiorias absolutas de má memória, de José Sócrates e Cavaco Silva, outros tentam encontrar explicações mais “humanas” para desvalorizar os “tiques”: “Estamos todos a precisar de férias.”
“Quando estamos cansados, com cansaço físico, dizemos coisas que não devíamos”, sugere um socialista ouvido pelo Expresso, que entende como “infeliz” a pose com que Costa aparece retratado na entrevista, mas que não alinha nas considerações mais “dramáticas” feitas por colegas do partido e ex-ministros, como Pedro Siza Vieira, Alexandra Leitão ou Ana Gomes, que foram duros nas críticas.
O ex-ministro da Economia, no programa Bloco Central da TSF, recorreu mesmo à expressão grega “húbris” para descrever “o sentimento de quem, na Grécia antiga, se sentia infalível e punha em causa os deuses”, e notou que havia muito "indícios" cavaquistas no amigo da faculdade. Para Siza Vieira, as declarações dos últimos dias mostram que António Costa “ainda não está” igual a Cavaco Silva que “raramente” tinha dúvidas e que “nunca se enganava”. Mas não está longe.
Artigo Exclusivo para assinantes
Assine já por apenas 1,63€ por semana.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: rdinis@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes