Política

"Tempestade perfeita". Ministra admitiu suspeito como professor quando dirigia o Instituto de Defesa Nacional

16 dezembro 2022 23:28

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

Helena Carreiras sucedeu a João Gomes Cravinho, que será ouvido no Parlamento para a semana

miguel a. lopes/lusa

Helena Carreiras dirigia o IDN quando Alberto Coelho deu aula sobre contratação pública

16 dezembro 2022 23:28

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

A aula era sobre a Lei de Programação Militar e contratação pública. Quando já se sabia que Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), tinha aprovado — sem ter poderes para isso — as despesas que levaram à derrapagem de €750 mil para €3,2 milhões nas obras do ex-Hospital Militar de Belém, a atual ministra da Defesa, Helena Carreiras, recebeu-o como professor num curso de pós-graduação no Instituto de Defesa Nacional (IDN), que então dirigia. Esse curso sobre Direito da Defesa decorreu entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022, e arrancou cinco meses depois de ter sido noticiada a auditoria “Confidencial” que identificava as “inconformidades legais” que o então ministro, João Gomes Cravinho, enviou para a Procuradoria-Geral da República e para o Tribunal de Contas — e que há uma semana levaram à operação Tempestade Perfeita e à detenção de Alberto Coelho, por suspeitas de corrupção passiva e branqueamento de capitais.

Helena Carreiras interveio na sessão de encerramento desse curso, onde entre os professores havia nomes como os do ex-ministro Nuno Severiano Teixeira, do general Valença Pinto (ex-CEMGFA), do constitucionalista Carlos Blanco de Morais ou do advogado Paulo Saragoça da Matta. A aula ministrada por Alberto Coelho realizou-se a 26 de outubro do ano passado, sobre a Lei de Programação Militar (que define a compra de equipamentos para as Forças Armadas), e no documento distribuído aos alunos constava que um dos pontos a abordar na sessão era a “contratação pública no domínio da Segurança e da Defesa”. Ora, as suspeitas públicas sobre este alto-funcionário eram exatamente sobre o processo de contratação pública no âmbito das obras para transformar o ex-Hospital Militar de Belém num centro para doentes com covid-19.