Política

Ventura pede demissão de ministro João Gomes Cravinho após detenções na Defesa

André Ventura e Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega
André Ventura e Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega
NUNO FOX

Cinco detidos num total de 19 arguidos é o resultado de uma operação hoje realizada pela PJ, nomeadamente no Ministério da Defesa, em Lisboa por suspeitas de corrupção e outros crimes no exercício de funções públicas

O presidente do Chega defendeu esta terça-feira a demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, anterior titular da Defesa Nacional, na sequência de uma operação da Polícia Judiciária no seu anterior ministério que resultou em cinco detidos.

“Entendemos que João Cravinho já não tem condições de se manter como ministro e é isso que transmitiremos ao primeiro-ministro, António Costa, durante a tarde de hoje”, afirmou André Ventura.

Em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, o líder do Chega considerou que o agora ministro dos Negócios Estrangeiros é “o principal responsável da situação que hoje se vive na Defesa, não obstante já não ser ele o titular da Defesa”.

Cinco detidos num total de 19 arguidos é o resultado de uma operação hoje realizada pela PJ, nomeadamente no Ministério da Defesa, em Lisboa por suspeitas de corrupção e outros crimes no exercício de funções públicas.

Um dos detidos é Alberto Coelho, antigo diretor-geral de Pessoal e de Recursos da Defesa Nacional. Outros dois detidos são altos quadros civis do Ministério da Defesa: Francisco Marques, diretor de Serviços de Infraestruturas e Património, e Paulo Branco, ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa, apurou o Expresso.

“Em 2018 e 20019 tivemos notícias do Ministério Público junto do Tribunal de Contas de que havia derrapagens severas. Aquando da mudança de ministério, por pressão de Marcelo Rebelo de Sousa, João Cravinho transita da Defesa para os Negócios Estrangeiros e faz rasgados elogios ao seu antigo diretor de Recursos de Defesa Nacional. Foi repetidas vezes questionado sobre isso, decidiu nada fazer e o Governo decidiu nada fazer”, criticou hoje André Ventura.

"Uma coisa é um desvio, outra é uma derrapagem. Custou três vezes mais, mas é uma obra mais completa do que tinha sido pensado"

Meses depois de ter dito na Assembleia da República que este era “dinheiro que não se perde”, quando voltou a ser questionado pelos deputados da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional em fevereiro de 2021 para dar explicações aos deputados, o então ministro da Defesa questionou: “O que se entende por derrapagem?” E acabou por dar justificações que de alguma forma deram cobertura à triplicação dos custos: "Se estamos a falar de uma obra, devidamente parametrizada, que acaba por custar mais, podemos falar nisso; mas aquilo que se verificou não foi isso, mas sim uma obra preparada num curtíssimo espaço de tempo que acabou por ter uma intervenção maior e que custou mais", explicou Cravinho, citado pelo “Diário de Notícias”. E acrescentou: "Derrapagem era se a mesma obra custasse o triplo. (...) Uma coisa é um desvio, outra é uma derrapagem. Custou três vezes mais, mas é uma obra mais completa do que tinha sido pensado".

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