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A "injustiça" que Pedro Adão e Silva não quer ver

A "injustiça" que Pedro Adão e Silva não quer ver
Foto Ana Baião

Nos resultados do programa de apoio às artes na área do teatro repetiu-se a razia que já tinha acontecido nas outras áreas artísticas. Das 71 entidades apoiadas, 48 são-no na modalidade quadrienal e 23 na modalidade bienal

Desde que foi conhecido o primeiro resultado do programa de apoio sustentado às Artes, promovido pela Direcção-Geral das Artes, que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e as estruturas que concorreram parecem falar línguas diferentes.

Pedro Adão e Silva decidiu aumentar o orçamento do programa, já depois de o concurso ter sido lançado pela DGArtes, em maio, para as modalidades quadrienal e bienal. A dotação foi reforçada, em setembro, quando Pedro Adão e Silva anunciou o aumento do valor a concurso de 81,3 milhões para 148 milhões. Na altura, ninguém suspeitou que que a resposta não fosse equitativa entre o modelo de apoio bienal e o modelo quadrienal. Mas não foi isso que aconteceu.

No teatro, por exemplo, soube-se esta semana que das 71 entidades apoiadas, 48 são-no na modalidade quadrienal e 23 na modalidade bienal. Ou seja, no modelo quadrienal registou-se um maior número de estruturas apoiadas, enquanto no modelo bienal muitas candidaturas com uma avaliação bastante elevada – e até superior à alcançada pelas estruturas apoiadas no modelo quadrienal – foram excluídas. “É como se tivessem gasto o dinheiro todo nas quadrienais e quando chegaram às bienais já não havia orçamento para distribuir!” explica Renzo Barsotti, que concorreu na área de programação com Rota Clandestina – iniciativa que acontece em Setúbal, e que promove a residência de companhias nacionais e internacionais naquela cidade – mostrando um descontentamento que é partilhado por muitas pessoas e entidades do meio artístico nacional.

O ministro disse ter pretendido dar alguma estabilidade ao sector, optando por premiar as estruturas que têm maior número de trabalhadores. Opção que Renzo Barsotti até compreende, mas não aceita tendo em conta a cronologia dos acontecimentos: “Admito que reforçar a aposta nas quadrienais é justificável politicamente, ainda que do meu ponto de vista seja negativa, mas a sê-lo teria de ter sido anunciada logo no lançamento dos concursos. Face ao que aconteceu, a confiança entre a tutela e os agentes quebrou-se. A partir de agora é legítimo pensar que qualquer concurso pode mudar de regras a meio do caminho.”


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