Política

Marcelo fala de direitos humanos no Catar: “É preciso incluir mesmo pessoas com diferentes orientações sexuais”

Marcelo fala de direitos humanos no Catar: “É preciso incluir mesmo pessoas com diferentes orientações sexuais”

A pretexto da educação, o Presidente ‘falou’ com o seu homólogo ganês sobre a importância de incluir todos. E deu Portugal como exemplo a vários níveis: mulheres doutoradas, Cristiano Ronaldo e a revolução digital. “Somos muito bons nisso, com a Web Summit, com tantos unicórnios e tantas startups”

Marcelo fala de direitos humanos no Catar: “É preciso incluir mesmo pessoas com diferentes orientações sexuais”

Hélder Gomes

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que aproveitaria a deslocação ao Catar para falar de direitos humanos… e cumpriu. No dia da estreia da seleção portuguesa no Mundial de futebol frente ao Gana, o Presidente da República manteve um ‘diálogo’ de 24 minutos com o seu homónimo ganês, defendendo que a educação passa por “incluir todos: os pobres, os migrantes, pessoas com ideias políticas diferentes, mesmo com orientações diferentes”. “Sabemos que cada país tem o seu próprio modo de pensar, mas é preciso incluir mesmo pessoas com diferentes orientações sexuais”, sublinhou, em Doha, a capital de um país que criminaliza a homossexualidade.

Sob o lema ‘Educação de Qualidade’, a conversa pretendia debruçar-se precisamente sobre o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, uma das 17 metas globais definidas pelas Nações Unidas. Dizendo-se “ansioso, nervoso” e confessando não ter “dormido bem” na última noite por causa do jogo, Marcelo recorreu a metáforas futebolísticas para falar de direitos humanos. “Temos de ter a liberdade de Cristiano Ronaldo, a liberdade dos outros jogadores muito bons, de cada um deles, para inovar científica e tecnologicamente, para inovar não apenas individualmente, mas também coletivamente”, disse, acrescentando tratar-se de “um objetivo coletivo, mas também de coesão”. “É uma equipa. É coesão social”, destacou.

Apesar de a competição ter apenas equipas masculinas, o Presidente lembrou que, em Portugal, as mulheres lideram nos mais elevados graus de ensino. Mais uma vez, Marcelo quis mostrar o exemplo num país que não respeita os direitos das mulheres. O exemplo português foi ainda destacado no plano da “educação para a revolução digital”. “Somos muito bons nisso em Portugal, com a Web Summit, com tantos unicórnios e tantas startups. É uma verdadeira revolução”, atirou. A segunda revolução, prosseguiu, é a “revolução energética” e também aí Portugal dá cartas: “60% da nossa energia vem das renováveis e, num par de anos, será 80%”.

Marcelo apelou ainda a que a investigação não se faça sem desenvolvimento ou desligada do “tecido socioeconómico”. “Por vezes, isso não acontece assim. É apenas investigação”, apontou. Recentrando-se na educação nas suas duas intervenções, as mesmas do seu homólogo, o Presidente lembrou que “o acesso à educação é ainda um problema em todo o mundo” e que “não podemos esquecer aqueles que não conseguem pagar por essa educação”. “Com as crises”, como a crise pandémica e a crise gerada pela guerra na Ucrânia, “os mais ricos ficam mais ricos e os mais pobres ficam ainda mais pobres”.

Numa ‘conversa’ moderada por um terceiro elemento – que, na realidade, estava ali mais para distribuir jogo do que para promover um verdadeiro diálogo –, Marcelo chegou a dizer que foi informado antecipadamente das perguntas que lhe seriam feitas. E sempre com o futebol em mente, deu o exemplo do capitão da seleção nacional. “Cristiano Ronaldo era muito pobre. Não tinha quaisquer estudos. Estudou quando começou a jogar. Por isso, podemos tornar-nos génios, grandes jogadores, mas não podemos perder o acesso à educação fundamental e básica. Devemos ter a oportunidade de sermos grandes jogadores, mas também alguém com condições para melhorar a sua vida noutros campos”, rematou.

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