Política

PSD alerta que extinção das Direções Regionais de Agricultura coloca em risco competitividade no sector

PSD alerta que extinção das Direções Regionais de Agricultura coloca em risco competitividade no sector
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Sociais-democratas acompanham as apreensões e preocupações dos agentes agrícolas e rurais com a lógica de regionalização do sector nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Confederação dos Agricultores de Portugal considera extinção das direções regionais abusiva e antidemocrática

O Partido Social Democrata está contra a opção do Governo em extinguir as Direções Regionais de Agricultura (DRA), descentralizando as suas competências e integrando-as numa lógica de regionalização nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRs). Para o maior partido da oposição, trata-se de um processo contra as necessidades do país real e do sector agroalimentar e agroflorestal, que precisa de políticas verticais no âmbito do Ministério da Agricultura, pela enorme especificidade técnica, científica e enquadramento comunitário.

Em comunicado, o PSD adverte que a extinção das Direções Regionais de Agricultura, proposta pelo Governo, coloca em causa “a política de identidade e de proximidade do Ministério da Agricultura na produção de alimentos e na atividade do mundo rural”, antevendo-se um “acréscimo de burocracia e uma acentuada perda de competitividade” no sector produtivo e do território.

O PSD acompanha “as apreensões e preocupações dos agentes agrícolas e rurais”, constatando-se mais uma perda de competências e consequentemente uma entropia para agricultores e agentes do mundo rural.

O partido liderado por Luís Montenegro vem fazer eco das preocupações manifestadas por associações do sector e pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que, na passada sexta-feira, revelou “oposição total, frontal e determinada” à anunciada decisão do Governo. Em comunicado, a CAP avançou que a extinção das direções regionais será levada, esta quinta e sexta-feira, a Conselho de Presidentes da confederação, em Tomar, estimando a presença da maioria das 250 organizações que integram a confederação.

“Esta é uma medida abusiva, absurda, antidemocrática e inaceitável de esvaziamento do Ministério da Agricultura", alertou a CAP um dia após o Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, a resolução que valida a transferência e partilha de competências de serviços regionais do Estado para as CCDR em nove áreas. Segundo nota divulgada pelo Governo, as atribuições a transferir dizem respeito às áreas da economia, cultura, educação, formação profissional, saúde, conservação da natureza e das florestas, infraestruturas, ordenamento do território e agricultura.

A CAP acusa a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de “aceitação conivente” da machada final “no desmantelamento e esvaziamento” do ministério da tutela.

Ministério condenado a ser “gigante ineficaz" no Terreiro do Paço

Entre as organizações que já contestaram o fim das direções regionais do sector contam-se a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo e a Cooperativa de Moura e Barrancos. A primeira alega que a decisão do Governo desvaloriza a agricultura e revela a “falta de peso político” da atual ministra da tutela, além de ser um sinal do desinteresse do Governo “por um sector importante para a região e o país, enquanto garante de soberania alimentar e ocupação do espaço rural”.

Já a Cooperativa de Moura e Barrancos adianta ainda que se junta ao apelo da CAP para que a Assembleia da República “tome medidas imediatas para travar a resolução do Conselho de Ministros”, sublinhando que a mesma “muito prejudica o sector agrícola e as suas empresas”.

A Associação Nacional de Comerciantes e Exportadores de Vinhos e bebidas Espirituosas pediu, este domingo, a demissão da ministra da tutela, alertando que, ao extinguir os serviços regionais, o Ministério da Agricultura ficará limitado “a ser um gigante burocrático e ineficaz no Terreiro do Paço (rigorosamente, pois é aí a sua sede), sem conhecimento real do que se passa em cada região”

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