Exclusivo

Política

Constitucionalistas alertam para risco de “revisão constitucional inconstitucional”

Constitucionalistas alertam para risco de “revisão constitucional inconstitucional”
NUNO FOX

Constitucionalistas alertam para o risco de “inconstitucionalidade” na lei que regulamenta o “confinamento” ou “separação” de pessoas portadoras de “doença contagiosa grave”

A emenda pode ser pior do que o soneto, avisa o constitucionalista Paulo Otero sobre a revisão constitucional que já teve início e para a qual todos os partidos apresentaram projetos. Uma revisão como não acontecia há quase 20 anos, mas muito motivada pela necessidade de resolução de dois problemas: saúde pública e acesso a metadados. E que, como todas, depende de PS e PSD para ser aprovada, apesar de ter sido lançada pelo Chega.

O PSD insiste em fazer mudanças no sistema político, mas o PS não fez qualquer proposta nesse sentido e já avisou que tem “margem negocial reduzida”, recusando, por exemplo, à partida descer a idade de voto para os 16 anos. Tudo terá ainda de ser negociado, mas a expectativa de três constitucionalistas ouvidos pelo Expresso é que esta revisão dê origem apenas a uma “revisão cirúrgica” dado não existir um alargado “chão comum” entre as visões apresentadas pelo PS e PSD. Ainda assim, Teresa Violante lembra que as propostas de revisão constitucional “nunca são em vão” e que “é possível trabalhar sobre elas” no futuro. Já Miguel Prata Roque lamenta que a discussão se centre em “leis pensadas para problemas pontuais e não de fundo”. Paulo Otero espera que esta revisão constitucional não traga “mais malefícios que benefícios”. Apesar dessa falta de “solo comum” que Teresa Violante assinala, a emergência sanitária e o acesso a metadados parece aproximar os dois grandes partidos, mas os constitucionalistas alertam para o risco de “inconstitucionalidade”, sobretudo nas propostas que pretendem permitir “confinamento” ou “separação” de pessoas portadoras de “doença contagiosa grave”, sem que seja necessário recorrer ao estado de emergência.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mcoutinho@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate