António Costa: “A missão [do PS] é manter nervos de aço” para vencer esta crise e cumprir a legislatura
ANTÓNIO COTRIM
O secretário-geral do PS acusou este sábado os adversários políticos de não perdoarem a maioria absoluta dos socialistas nas últimas legislativas e avisou que “tudo farão para comprometer essa estabilidade”, voltando a pedir “nervos de aço” ao partido
“Às vezes parece que a oposição acha que fomos nós que decretámos a maioria absoluta, mas ela resultou única e exclusivamente da vontade livre dos portugueses no ato eleitoral de 30 de janeiro”, afirmou António Costa, no encerramento do Congresso federativo do PS/Castelo Branco, que decorreu na Covilhã.
António Costa avisou que os adversários do partido, que “não perdoam aos portugueses terem garantido a estabilidade necessária para fazer essas reformas, tudo fazem e tudo farão para comprometer a estabilidade que os portugueses decidiram que era necessária para responder à crise e construir um futuro sólido de confiança”.
“A nossa missão é manter nervos de aços, respeitar os nossos adversários, perceber que a maioria significa respeito e diálogo (…) mas também o respeito pela vontade de quem nos elegeu”, disse, apontando como exemplos de diálogo da atual maioria o acordo alcançado em sede de concertação social, com os municípios portugueses e com o PSD na metodologia para o futuro aeroporto.
O líder do PS e primeiro-ministro admitiu que os tempos “são mais difíceis” do que se antecipava à data das últimas legislativas e que não depende do Governo “que a Rússia acabe com a guerra” ou “fixar por decreto o preço do gás e do petróleo no mercado internacional”.
“Mas tudo o que depender de nós para enfrentarmos esta crise, ai isso podem contar connosco, que o faremos sem desistir dos grandes objetivos estratégicos da governação, podem ter a certeza de que não nos vamos distrair. Temos de estar mobilizados a 100% para vencer esta crise e cumprir esta legislatura, honrando os nossos compromissos”, salientou.
Ao usar da palavra, o presidente da Federação Distrital do PS de Castelo Branco, Vítor Pereira, fez questão de sublinhar o apoio a António Costa perante os “ataques baixos e rasteiros” que, segundo disse, o secretário-geral do PS está a ser alvo.
“É porque a direita sabe que tu tens estes predicados, esta qualidade, essa garra, essa energia e essa determinação para enfrentares os problemas que vivemos, e é porque sabem que tu os vais debelar, que estás a ser alvo de ataques que não têm precedentes”, disse, dirigindo-se diretamente a António Costa.
Vítor Pereira, que também é presidente da Câmara da Covilhã, classificou ainda como “absolutamente deplorável” ver “pessoas e personalidades” que se esperava que prestigiassem as instituições a que presidiram dirigir “ataques vis, baixos e rasteiros” a António Costa.
“Quero dizer-te que os socialistas de Castelo Branco, bem como todos os socialistas, e, estou convicto, a maioria dos portugueses condenam com veemência os ataques vis de que tu e os membros do teu Governo estão a ser alvo”, sublinhou.
Na sua intervenção na Covilhã, o secretário-geral do PS disse que o próximo ano será “muito importante” para o partido, que irá assinalar os 50 anos da fundação do PS, em abril de 1973.
“Fizeram-no em boa hora, quando chegou o 25 de Abril, o PS estava cá (…) foi crescendo e tornou-se como grande partido nacional e popular que é o PS. Foi essa força que permitiu ao PS travar na rua a batalha para garantir que a liberdade e democracia conquistadas pelo 25 de Abril não eram desvirtuadas por nenhuma tentação totalitária”, salientou.
Entre as marcas do PS, Costa elegeu, além da liberdade e democracia, a integração europeia, a paz no mundo, o desenvolvimento do país ou um “Estado social forte com oportunidades para todos”.
“Esse é um combate que não tem fim. Vamos celebrar os 50 anos de vida do PS não só para homenagearmos os que nos antecederam, não só para recordar o trabalho que fizemos por Portugal e os portugueses, mas sobretudo como uma grande fonte de inspiração para o trabalho que o PS continuará a fazer, não só nesta legislatura, mas em muitas que se sucederão, pelo menos nos próximos 50 anos”, disse.
“Quem cá estiver que dê continuidade a esse trabalho, mas até lá vamos com unhas e dentes cumprir o que é necessário cumprir: vencer esta crise e construir o futuro de Portugal, lado a lado com os portugueses”, afirmou.
António Costa vai marcar presença entre hoje e domingo em vários congressos federativos que decorrem por todo o país.
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